Comissão do Idoso verifica falta de medicamentos e fraldas geriátricas


André Bueno | REDE CÂMARA SP

Reunião da Comissão Extraordinária do Idoso e de Assistência Social desta terça-feira (8/8)

ANDREA GODOY
DA REDAÇÃO

A reunião da Comissão Extraordinária do Idoso e de Assistência Social desta terça-feira (8/8) tratou dos principais problemas enfrentados por idosos no atendimento público de saúde do município. A falta de medicamentos e de fraldas geriátricas nos postos, filas longas de madrugada nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) onde idosos aguardam em pé, demora na marcação de exames e exames agendados em locais distantes da moradia, foram as principais dificuldades relatadas.

“Nós da Comissão do Idoso pudemos ver nessa reunião o quanto temos de trabalho na área da saúde. O tanto que temos que lutar para poder dar dignidade aos idosos, pois há muitas incoerências no atendimento. Fomos convocados para uma ação mais forte para exigir da Secretaria Municipal da Saúde um atendimento cada vez melhor e mais respeitoso ao idoso”, declarou o presidente do colegiado, vereador Eli Corrêa (UNIÃO). O parlamentar fez questionamentos as representantes da Secretaria Municipal da Saúde começando com a falta de fraldas geriátricas e de medicamentos.

A secretária-executiva de Atenção Básica, Especialidades e Vigilância em Saúde, Sandra Sabina, explicou que o ‘pós-pandemia’ afetou a indústria de artigos hospitalares com a falta de insumos adquiridos na China e houve quebra de acordo no contrato por parte do fornecedor. Segundo ela, a mesma escassez ocorreu na indústria farmacêutica, com a atenuante de que a demanda por remédios cresceu no mundo, em função de agravamentos de quadros de saúde causados pelo vírus da Covid-19.

No entanto, ela afirmou que as licitações foram realizadas e o fornecimento de medicamentos e fraldas geriátricas está regular. No caso das fraldas, Sandra disse que os pacientes cadastrados passarão a recebê-las em seus endereços. “Já está sendo elaborado um contrato onde o usuário não precisará ir à UBS, os espaços que as fraldas ocupam dentro das UBSs não vão mais impactar nas nossas farmácias e almoxarifados, pois elas serão enviadas ao endereço do usuário”, destacou.

A diretora de Suprimentos da Secretaria da Saúde, Izis Mirvana Damico, contou que 48 mil pacientes estão cadastrados para receber fraldas geriátricas no município. “A gente vinha enfrentando muitas dificuldades com as empresas para fornecer o número de fraldas que chega em média de 6 milhões de fraldas ao mês. Agora que conseguimos licitar, a entrega tem sido regular nas UBSs”, completou.

Ativistas da saúde também questionaram as representantes da pasta sobre as filas e agendamento de consultas. O conselheiro da UBS Paulo VI, no distrito Raposo Tavares, Hilton Alves Pereira, mais conhecido como Índio, reclamou que o idoso chega às 5h30 da manhã para ficar na fila, debaixo de chuva e sol para ser atendido. “Estou falando do que sei e o meu remédio mesmo eu não tenho no posto, tenho que ir para a zona sul, para o Jd. Peri-Peri. Para agendar uma consulta especializada não tem, você passa no médico que te dá um encaminhamento, você vai lá e fica na espera. Estou há quatro meses aguardando para cuidar da minha coluna e perda auditiva”, reclamou.

A obstetriz Sandra Andreoni chamou a atenção para a demora no agendamento e os exames marcados em unidades distantes dos pacientes. “Tem idosos que podem caminhar e outros que têm mil problemas de saúde. Eles pedem exames em janeiro e para realizar muitas vezes leva até o final do ano, fazendo com que percam sua validade. Muitas vezes a pessoa é do Butantã e tem que ir para o Tatuapé ou para a zona norte, zona leste. Então é muito complicado, tem que ter acompanhante. Acho que deveria resolver tudo na própria área da pessoa”, opinou.

A secretária-executiva Sandra Sabina respondeu que o usuário não precisa chegar de madrugada, pois as UBSs abrem às 7h e algumas estão sendo abertas a partir das 6h da manhã.  “Nós estamos pensando em expandir essa abertura às 6h da manhã em todas as comunidades que têm essa rotina pelo usuário. São pessoas que procuram as unidades para colher seus exames rapidamente e poder seguir para o seu trabalho”.

Sobre os exames, Sandra explicou que coletas laboratoriais são feitas em todas as unidades, mas os exames mais complexos não são realizados em todas as regiões. “A ressonância magnética, cintilografia e alguns exames mais especializados têm alguns polos de oferta para onde as pessoas têm que se deslocar”.

Quanto aos sistemas de agendamento, a secretária-executiva explicou que existe o Cross (Central de Regulação de Ofertas e Servições de Saúde), que é do Governo do Estado, para exames de maior complexidade e o sistema municipal Siga. O Siga tem duas modalidades, sendo uma de agendamento automático informatizado, que puxa os nomes da fila e envia as mensagens para o celular do usuário e o agendamento direto nas regulações locais, que ficam nas UBSs.

“O governo do Estado está estudando a unificação destes dois sistemas de agendamento. Hoje os sistemas são separados, porque se abrirmos todas as vagas da capital vão ficar abertas para os outros municípios, como Taboão da Serra, São Bernardo do Campo, São Caetano, Poá, etc. Então essa unificação está sendo estudada, já teve uma oficina sobre regionalização da saúde, mas ainda tem aspectos técnicos que precisam ser apurados para verificar a viabilidade”, detalhou Sandra.

O vereador Milton Ferreira (PODE), que é médico, fez várias considerações sobre o atendimento de saúde à pessoa idosa no município. Ele disse que a capital fica sobrecarregada com pessoas de todas as partes do Estado em busca de atendimento médico e que há pouca prevenção e investimento no Programa de Saúde da Família.

“Sabemos que as doenças crônicas que mais atingem a terceira idade são a hipertensão arterial e diabetes. São doenças que levam ao acidente vascular cerebral e infarto agudo do miocárdio. Então a pessoa que não tem essa prevenção fica suscetível a ter essas complicações na terceira idade”, afirmou.

O vereador Celso Giannazi (PSOL) reclamou da falta de transparência na aplicação dos recursos públicos na saúde municipal. “Isso impede o munícipe de fiscalizar os contratos da Prefeitura com essas Organizações Sociais e na ponta temos falta de fraldas, de medicamentos e problemas na marcação de exames”, enumerou.

Ainda durante a reunião, o colegiado aprovou o requerimento de autoria do presidente, vereador Eli Corrêa, para convidar candidatos a conselheiros municipais da Pessoa Idosa, com candidatura deferida, para participar da reunião da Comissão do Idoso e de Assistência Social que será realizada no dia 22/8.

O quórum da reunião foi completo, também com a presença do vereador Manoel Del Rio (PT) e do vice-presidente, vereador Gilson Barreto (PSDB). Assista à íntegra no vídeo abaixo:

 

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