O sotaque do outro lado da câmera de videoconferência é de português de Portugal, mas a imagem é de um empreendedor brasileiro, Felipe Ávila da Costa. Gaúcho, de Porto Alegre, o profissional é o cofundador da Infraspeak, uma plataforma para gestão de facilities criada em 2015 na cidade do Porto, Portugal, um dos maiores hubs tecnológicos da Europa.
A startup oferece um software no qual os seus clientes podem integrar todos os serviços que contratam com empresas de facilities – aquelas por trás de cuidados com limpeza, jardinagem e segurança – e acompanhar em um único canal. “A partir daí, nós podemos pegar esses dados e transformar em alertas e em automações que permitam fazer coisas mais avançadas”, afirma Costa, também CEO da Infraspeak.
Integrados a sensores, os dados reunidos na plataforma podem sinalizar, por exemplo, que determinada área precisa de limpeza, a necessidade de troca de equipamentos danificados ou mesmo auxiliar no pedido de orçamentos a parceiros que a empresa tem na rede. A Infraspeak tem mais de 800 clientes pelo mundo, a maioria nos setores de hotelaria e facilities, além de aeroportos e faculdades. Entre eles, a Brasanitas, Siemens, Nestlé, Leroy Merlin e a Vila Galé.
Como o valor será usado pela Infraspeak
A startup acaba de receber 7,5 milhões de euros – ou cerca de 39 milhões de reais -, uma extensão de rodada série A captada no final de 2021. A iniciativa foi liderada pela Bright Pixel, braço de investimento de capital de risco em tecnologia do grupo português Sonae, e acompanhada por investidores como Caixa Capital, de Portugal, e 500 Global, dos Estados Unidos.
A primeira fase da rodada contou ainda com:
- a Indico e a Caixa Capital, ambas de Portugal
- a Knight Capital, dos Países Baixos
- a Innovation Nest, da Polônia.
No total, a Infraspeak recebeu 17,5 milhões de euros, o equivalente a 92 milhões de reais.
O capital chega para fortalecer as posições da empresa na Europa e América Latina. Presente em cerca de 30 países, a startup tem nas duas regiões 85% do seu faturamento, com os números impulsionados por Portugal, Espanha, Reino Unido e Irlanda, no velho continente, e pelo Brasil.
Como a Infraspeak planeja entrar no mercado dos Estados Unidos
A evolução do negócio, segundo Costa, passa pelo reforço do time, com a contratação de 30 pessoas para complementar o quadro atual de 150 profissionais, e em produtos. E ainda a abertura de novas frentes, como a entrada na França e Dinamarca. ”Nós também vamos começar a comprar empresas em novos mercados para acelerar”, diz Costa.
O brasileiro chegou em Portugal aos 15 anos, em 2000, ainda no ensino médio e de olho em conquistar uma vaga para fazer a graduação no país. Anos depois, já formado em engenharia civil pela Universidade do Porto, passou cinco anos na incubadora da universidade, a UPTEC. Começou cuidando da comunidade de empreendedores e saiu como gerente do programa de aceleração.
Foi lá onde conheceu o engenheiro de software Luís Martins, português que chegou à incubadora com a ideia de criar uma plataforma de facilities. O brasileiro foi o seu mentor por 6 meses e, no fim da aceleração, os dois se uniram, Costa pediu demissão e, em abril de 2015, a Infraspeak chegou ao mercado. Meses depois, a startup estreou no Brasil, onde mantém escritório em Florianópolis, Santa Catarina.
Atualmente, cresce em torno de 100% ao ano. Em 2022, fechou em 4 milhões de euros, número que deve dobrar este ano. Na previsão mais otimista, pode chegar aos primeiros 10 milhões de euros em dezembro.
A execução bem-sucedida do planejamento pode ser fundamental para o próximo passo da empresa: entrar nos Estados Unidos. O mercado é um dos maiores do mundo e país de origem de uma das maiores empresas de gestão do mundo, a IBM.
A movimentação estará na estratégia para a captação de uma rodada série B, estimada para o segundo semestre do ano que vem, com valor entre 20 e 30 milhões de euros.
Fonte: exame