O ex-chefe do Pentágono acredita que a atual crise nas relações Moscou-Washington tem sua origem no final do século XX, quanto o Ocidente tentou estabelecer o diálogo com a Rússia após a dissolução da União Soviética, porém, fez isso a partir de uma posição de vencedor da Guerra Fria.
“Muitos apontaram a expansão da OTAN em meados da década de 1990 como uma provocação crítica. Na época, eu me opus a essa expansão, em parte por medo do efeito sobre as relações Rússia-EUA. Mas a questão mais importante não era apenas a expansão da OTAN, mas o que ela representava: o fracasso geral dos governos ocidentais em respeitar a importância vital dessa potência nuclear para a ordem mundial”, escreveu Perry.
Adicionalmente, o ex-ministro criticou a falta de vontade do Ocidente em ser consistente no diálogo e ajudar a Rússia durante a crise financeira mundial de 1998. Conforme disse Perry, durante a crise, o Ocidente esperou que a Rússia “simplesmente conseguisse resolver os problemas por si própria”. A incapacidade dos EUA de prestar assistência substancial à Rússia, na opinião do autor da matéria, “semeou amargura em muitos russos, que permanece até hoje”.
“A combinação do Ocidente não agir durante a crise financeira na Rússia e ignorar as suas opiniões sobre a expansão da OTAN reforçou a crença russa de que o país não era levado a sério. De fato, muitos no Ocidente viam a Rússia apenas como a perdedora da Guerra Fria, que não era digna de nosso respeito”, resumiu o ex-secretário.
Ele também acrescentou que um mal-entendido entre potências nucleares é especialmente perigoso, portanto, as linhas de comunicação entre Moscou e Washington devem ser mantidas, já que “não há nenhuma razão orgânica para que a Rússia seja nossa inimiga“.