Representantes da indústria brasileira e japonesa apresentaram, nesta quinta-feira (6), uma declaração conjunta com recomendações para melhorar o ambiente de negócios e investimentos entre os países. O documento, compartilhado durante o encerramento da 24ª Reunião Plenária do Conselho Empresarial Brasil-Japão (Cebraj), em Belo Horizonte, destaca aos respectivos governos medidas consideradas prioritárias para empresas de ambas as economias, como a criação de um diálogo voltado ao acordo de livre comércio Mercosul-Japão.
O documento foi produzido junto à Confederação Nacional da Indústria (CNI) e à Federação Empresarial do Japão (Keidanren), e assinado pelos presidentes das seções brasileira e japonesa do Cebraj. O conselho menciona na declaração, ainda, a intenção de contar com o governo para avançar em agendas como a negociação de um acordo de cooperação e de facilitação dos investimentos, para minimizar os riscos para os investidores dos países; e a atualização do acordo para evitar a dupla tributação – em vigor desde 1967 – que contemple as atuais relações comerciais entre os países.
“Estamos prontos para cooperar e colaborar ao longo deste processo, apoiando ainda mais as relações comerciais e econômicas bilaterais”, destaca o documento, assinado pelos representantes do conselho empresarial dos países.
Leia a íntegra do documento:
Cebraj destacou áreas mais relevantes para a revitalização das indústrias
Considerando os principais desafios provocados pelas tensões geopolíticas internacionais, pelas incertezas econômicas e pela crise ambiental e climática, a declaração enfatiza a importância de que os setores empresariais do Brasil e do Japão se concentrem e avancem na cooperação internacional em agendas bilaterais de três principais áreas:
1. Descarbonização da economia
O objetivo comum dos setores privados brasileiro e japonês é desenvolver uma economia de baixo carbono, com incentivos à descarbonização da indústria, à transição energética e à promoção da bioeconomia e da economia circular. Juntos, os países podem explorar melhores oportunidades de cooperação para a produção de energia limpa. No Brasil, há recursos naturais abundantes a serem explorados para a produção de energia limpa, como o etanol, o biogás e o combustível de aviação sustentável (SAF). Além disso, os países devem explorar o interesse comum no desenvolvimento do mercado de hidrogênio de baixo carbono. No Japão, existem tecnologias e inovações relacionadas à descarbonização da indústria, à transição energética, à economia circular e às energias limpas.
2. Transformação digital
O Brasil e o Japão podem ampliar a cooperação para transformar a sociedade e os negócios por meio da adoção e do desenvolvimento de novas tecnologias digitais. O setor privado brasileiro pretende capacitar as empresas – especialmente as pequenas e médias – para torná-las mais competitivas, possibilitando ampliação da escala de e mais qualificação das instituições para que participem das cadeias de abastecimento globais.
3. Cadeias de valor globais
O Brasil desempenha papel central nas cadeias globais de valor e pretende aumentar ainda mais sua presença como fornecedor de alimentos. O país tem papel importante porque sua matriz energética limpa tem condições de atrair investimentos estrangeiros para a agenda ambiental. Já o Japão pode contribuir para a expansão de investimentos e tecnologias em produtos industrializados, aumentando a resiliência da cadeia de suprimentos de forma sustentável.
Sustentabilidade e digitalização ganham protagonismo no diálogo entre Brasil e Japão
Representantes dos setores público e privado debateram, no primeiro painel desta quinta-feira (6), os aspectos comuns relacionados à descarbonização do setor industrial e energia limpa, com destaque para o potencial do hidrogênio verde como centro da discussão. Os participantes também enfatizaram o exemplo do Brasil em energia limpa e reforçaram a importância de trabalhar em conjunto para atingir a meta de reduzir a emissão de gases de efeito estufa, como forma de evitar um futuro com mais problemas climáticos.
Participaram das discussões o head de relações externas da Vale, Gustavo Biscassi; o gerente de Mineração e Transformação Mineral do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); o head de Desenvolvimento de Negócios para Transição Energética da Raízen, Hernane Genu; o diretor-executivo da Oji Holdings Corporation, Kazuhiko Kamada; o presidente da Nippon Steel Corporation, Tatsuya Miyahara; e o presidente da Mitsui & Co. Brasil, Yuki Kodera.
O segundo e último debate do evento empresarial abordou oportunidades para os dois países no que diz respeito à cooperação tecnológica, à digitalização e à indústria 4.0. Um dos participantes do painel, o superintendente de Negócios Internacionais do SESI, SENAI e IEL, Frederico Lamego, ressaltou o potencial do Brasil nas agendas e a importância de avançar na promoção da digitalização das empresas e em uma indústria de baixo carbono mais eficiente.
Em relação a oportunidades, Lamego lembrou que os Institutos SENAI de Inovação (ISIs), à disposição também das empresas japonesas, operam plenamente para desenvolver soluções tecnológicas, em linha com as demandas das empresas, e atuam em diversas áreas de conhecimento. Os ISIs promovem o desenvolvimento de novos produtos, processos e soluções industriais customizadas.
Saiba como foi o encontro entre Brasil e Japão
A 24ª Plenária do Conselho Empresarial Brasil-Japão foi realizada nos dias 5 e 6 de julho, no Centro Cultural Sesi Minas, em Belo Horizonte (MG), e reuniu mais de 350 participantes – entre representantes do setor público e do setor privado dos dois países. O evento foi uma iniciativa da CNI e da Federação Empresarial do Japão (Keidanren), com apoio da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG).
Criado em 1974, o Cebraj é um mecanismo bilateral e seus membros são empresas e entidades empresariais brasileiras e japonesas. A seção japonesa do conselho é secretariada pelo Keidanren e presidida pela Mitsui, e a seção brasileira é secretariada pela CNI e presidida pela Vale.
Fonte: portaldaindustria