Lideranças políticas, gestores públicos, representantes de conselhos, movimentos sociais e comunidades indígenas, reuniram-se na noite desta quarta-feira (5) na Assembleia Legislativa para o lançamento da Frente Parlamentar das Juventudes.
O objetivo do colegiado, coordenado pelo deputado Marquito (PSol) e integrado por outros dez parlamentares, é proporcionar um espaço para os jovens catarinenses discutirem ações, projetos e políticas públicas voltadas a essa parcela da população.
“A gente sonhou com essa Frente Parlamentar das Juventudes porque entendemos a importância de trazer esse debate aqui para dentro da Assembleia Legislativa. E quando a gente fala das juventudes, no plural mesmo, é porque entendemos a pluralidade desse segmento”, disse Marquito.
O grupo terá como eixo cinco temas principais: educação, direito à cidade, saúde mental, geração de emprego e renda e combate às opressões. De acordo com a compilação populacional do IBGE por faixa etária, Santa Catarina possui 1,6 milhão de pessoas com idade entre 15 e 29 anos.
A saúde mental foi apontada como um dos pontos mais sensíveis a serem trabalhados pela frente, tendo em vista o registro do aumento dos adoecimentos e das medicalizações entre os jovens, que precisam de suporte do Sistema Único de Saúde (SUS). O acesso à educação superior, a permanência estudantil e a geração de emprego e renda também são bandeiras da frente.
Ainda de acordo com Marquito, uma das primeiras atividades do colegiado será formar um perfil mais apurado do segmento jovem no estado para basear a formação de políticas públicas específicas. “Precisamos ter um cenário de que juventude de Santa Catarina nós temos, que juventudes são essas. Então a Frente Parlamentar vai estar junto com o Conselho Estadual para construir esse diagnóstico e utilizar os instrumentos que nós temos na Assembleia.”
Também integram a Parlamentar das Juventudes os deputados Napoleão Bernardes (PSD), Padre Pedro Baldissera (PT), Fabiano da Luz (PT), Paulinha (Podemos), Marcos Vieira (PSDB), Luciane Carminatti (PT), Altair Silva (PP), Ivan Naatz (PP), Marcius Machado (PL) e Maurício Eskudlark (PL).
Participação política
Presente ao evento, o secretário Nacional da Juventude do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Ronald Sorriso, falou das iniciativas surgidas em favor dos jovens nos últimos anos, como o Programa de Inclusão de Jovens (Projovem), o Conselho Nacional de Juventude, a criação de novas universidades e institutos federais, e o Estatuto da Juventude.
Em sua fala, ele também estimulou os jovens a participarem da política e afirmou que a Frente Parlamentar é uma boa oportunidade para isso. “A Frente Parlamentar é uma oportunidade para apresentar ao poder público de Santa Catarina o que a juventude precisa, quer e, sobretudo, exige. Porque é nosso direito. Está nas leis que regem a Política de Juventude, está na Constituição Brasileira.”
Já a presidente do Conselho Estadual da Juventude de Santa Catarina (Conjuve-SC), Samara Freitas da Silva, afirmou que está promovendo o aumento da participação de representantes de povos indígenas e negros na entidade.
A iniciativa está sendo realizada com o apoio do Conselho Estadual dos Povos Afrodescendentes, do Conselho Estadual dos Povos Indígenas e da Gerência de Políticas para Igualdade Racial e Imigrantes (Geiri), do governo do Estado. “Temos mais um desafio, de trazer essas vozes para essa voz para dentro do Conselho e, a partir daí, construir as políticas públicas voltadas para a juventude no estado de Santa Catarina.” Ela criticou, entretanto, a falta de recursos para a aplicação das ações idealizadas pelo Conjuve.
Manifestações
Durante o lançamento da frente, representantes de diversas entidades e movimentos sociais tomaram a palavra para falar sobre projetos e apresentar reivindicações ou críticas.
O estudante Gabriel Laurindo, militante do Movimento Pequenos Agricultores (MPA) e representante da Brigada Urbana da Via Campesina, apresentou o pedido de que pautas ligadas à agroecologia também integrem os trabalhos da Frente. “Nós somos a geração que precisa discutir a questão ambiental, discutir agroecologia como produção de alimentos, porque se não fizermos isso, não teremos mais planeta.” Ele também entregou ao deputado Marquito um documento elaborado pelo movimento Juventude para o Campo, contendo propostas de políticas públicas para o meio rural em áreas como educação, saúde e infraestrutura.
Wilmone Uerá, liderança Guarani e estudante de Engenharia Sanitária e Ambiental na UFSC, levou à Frente Parlamentar às dificuldades vivenciadas pelos povos indígenas, tais como agressões, atos discriminatórios e ameaças de invasão às suas terras. “Para eles é muito difícil entender o nosso lado, porque a gente precisa de uma aldeia. A gente precisa preservar a Mata Atlântica, a gente precisa oferecer algo para as nossas crianças”, disse
Já Brenda Bittencourt, falou do Grupo Mitos, entidade da qual é vice-presidente e que tem como objetivo estimular os jovens a buscarem uma formação acadêmica e a ingressar no mercado de trabalho. O Grupo Mitos atende principalmente crianças do bairro do Morro do Mocotó, em Florianópolis, onde está sediada. “Alimente seu sonho, a sociedade não vai te dar nada, mas tem pessoas que podem ajudá-la. E eu sei disso porque existe eu, existem meus pais, os meus amigos, que ajudam a gente a alimentar os sonhos dessas 106 crianças, de segunda a sábado.”
Agência AL
Fonte: alesc.sc.gov