Pesquisa investiga fatores de risco em cirurgias de câncer


Pesquisa realizada no Hospital do Câncer de Mato Grosso reforça a importância da prática de exercícios físicos regulares e da boa alimentação na saúde e, neste caso, na recuperação de pacientes cirúrgicos. O trabalho avaliou mais de 150 pacientes para o risco de sarcopenia, uma síndrome ligada à perda de massa magra que demonstra relação com o risco de morte depois de cirurgias para remoção de tumores.

A sarcopenia é uma perda gradual de peso corporal devido à diminuição da massa magra, que é vista em muitos casos de pacientes com câncer, explica o pesquisador e professor da UFMT, professor Fabrício Azevedo Voltarelli. No artigo, publicado recentemente na revista “Supportive Care in Câncer”, os pesquisadores apontam uma relação estatística entre o risco de sarcopenia e morte. 

Os dados foram levantados a partir de avaliações físicas, de um questionário socioeconômico e de um questionário internacional chamado “SARC-F”, que avalia a capacidade dos pacientes realizarem diferentes ações motoras, como levantar de uma cadeira, subir escadas, caminhar ou levantar cargas pesadas.

Quando o paciente apresenta perda de função física, muito provavelmente ele pode estar com a Sarcopenia instalada ou, na melhor das hipóteses, estar pré-sarcopênico. E se ele estiver nesse cenário, sua performance física será prejudicada e os testes identificarão isso”, explica.

Idosos precisam de maior atenção

Alguns pacientes com risco de sarcopenia também apresentaram um tempo maior de internação após a cirurgia, mas sem uma relação estatística significativa neste estudo.

“Um resultado que nos chamou a atenção foi a relação estatisticamente relevante entre entre o nível educacional e o risco de sarcopenia. Nossa explicação para isso é que pessoas menos instruídas tendem a se alimentar mal e a não praticarem atividade física em níveis ideais para a saúde. A falta de informação atrelada às más condições onde vivem podem ser um fator para isso, uma vez que barreiras para o acesso ao alimento saudável e aos locais que se pode praticar exercícios físicos da forma correta são grandes”, completa.

Apesar do estudo ser focado nos pacientes pré-cirúrgicos, a sarcopenia é uma condição que pode existir fora do espectro do câncer, acrescenta o professor Voltareli.

“Todas as pessoas precisam se preocupar com isso, especialmente idosos, pois, com o avançar da idade, diminuem sobremaneira seus níveis de atividade física. A sarcopenia pode acometer também pessoas com obesidade, mesmo que sejam jovens (chamamos de obesidade sarcopênica). Portanto, é um grande alerta para a atual geração, que está cada vez mais sedentária e com maus hábitos de vida”.

Para evitar esse quadro, ou diminuir seus riscos, principalmente no caso de pacientes cirúrgicos, os pesquisadores alertam para a necessidade de estimular a prática de exercícios físicos sempre.

“Se esses pacientes são elegíveis para a cirurgia é porque o tumor está numa condição (tamanho e agressividade) que precisa ser rapidamente resolvido, para que problemas maiores não (crescimento do tumor ou metástase) ocorram e pioram o quadro clínico geral do paciente. Portanto, nosso conselho é que desde o diagnóstico, tratamento inicial, cirurgia e pós – cirurgia, o paciente seja estimulado a não ficar sedentário, que pelo menos continue, na medida do possível, fazendo suas atividades de vida diária, para que a chance de perder massa muscular diminua e ele não fique suscetível à sarcopenia, o que poderá ser muito positivo para sua recuperação pós-cirúrgica”, concluiu.

A pesquisa está disponível para leitura no site da revista.

Fonte: ufmt

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