A criação de um centro especializado para a reabilitação de pacientes diagnosticados com câncer de cabeça e pescoço foi um dos assuntos em destaque da Comissão de Saúde, que em reunião na manhã desta quarta-feira (5) no Parlamento, trouxe especialistas e pacientes recuperados para falar da importância da 7ª Campanha Nacional de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço – Julho Verde 2023, no que tange a conscientização para o controle deste tipo de câncer.
Participaram do debate, o presidente da Comissão de Saúde, o deputado Neodi Saretta (PT), a assessora jurídica da Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço ( ACBG), Ana Paula Guedes Werlang, a especialista em prótese bucomaxilofacial, doutora Cleumara Kosmann, os pacientes recuperados e voluntários da (ACBG), Ema Verônica Zabendzala, Luiz Carlos Campos e Laura Letícia Cunha. Os deputados José Milton Scheffer (PP) e Maurício Peixer (PL) também estiveram presentes.
Importância da conscientização
A Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço (ACBG Brasil) realiza neste mês de julho, a 7ª Campanha Nacional de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço. Em abril do ano passado, a Lei federal 14.328 oficializou o período como Mês Nacional de Combate a esse tipo da doença.
A campanha pretende conscientizar a população sobre a importância do autocuidado e do diagnóstico precoce, de modo a evitar o crescente número de óbitos e mutilações graves que comprometem funções vitais dos pacientes, como a fala, respiração, alimentação, visão, audição e cognição.
Os tumores de cabeça e pescoço são uma denominação genérica do câncer que se localiza em regiões como boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe, esôfago, tireóide e seios paranasais. Mexem, portanto, com a estética facial, a deglutição, a alimentação e a voz do paciente.
Esse tipo de tumor é o nono mais comum no mundo. Cerca de 60% dos casos de câncer de cabeça e pescoço são diagnosticados tardiamente, aumentando as possibilidades de sequelas no paciente e diminuindo as chances de cura.
Seu corpo, suas regras
A assessora jurídica, Ana Paula Guedes Werlang, disse que a campanha chama a atenção da população para esse câncer, que é pouco falado e, por isso, não tem abertura para as pessoas compreenderem a importância da identificação e do diagnóstico precoce. O tema escolhido para a campanha de 2023 é “Seu corpo, suas regras”.
Segundo Ana Paula, a escolha se baseou no fato de que todo desdobramento é decorrência de escolhas. “E, por ser um câncer 80% curável, um diagnóstico precoce significa que, se fizermos escolhas bem acertadas, com certeza não faremos parte da estatística de óbitos”.
A ACBG Brasil vai mobilizar uma rede de voluntários para que a campanha deste ano esteja presente em todos os estados do país, com ações de prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação, das quais participarão pacientes, profissionais de saúde, autoridades e integrantes da sociedade civil.
Ela ainda agradeceu ao Parlamento catarinense pelo engajamento a essa pauta. “ Se hoje Santa Catarina é referência é porque conta com o apoio desta Casa”, disse.
Partiu da doutora Cleumara Kosmann o pleito para que Santa Catarina crie um centro especializado com multiprofissionais para a reabilitação desses pacientes. Ela atua com pacientes que tiveram partes do rosto e das estruturas internas da boca removidas por conta da cirurgia de remoção de tumor, fornecendo próteses para substituir as partes retiradas. “Santa Catarina precisa ter um local que ofereça o tratamento multidisciplinar que é tão necessário nesses casos. Um centro onde tenha cirurgião de cabeça e pescoço, psicólogo, fonoaudiólogo, oncologista, cirurgião-dentista”, defendeu.
Os pacientes e voluntários presentes ao debate relataram a importância do diagnóstico precoce e manifestaram o apoio à criação deste centro. “Quanto mais precoce o diagnóstico, mais chances de cura”, avaliou a paciente Ema Verônica Zabendzala, sendo apoiada por Luiz Alberto Campos e Laura Letícia Cunha.
A reivindicação do grupo foi prontamente aceita pelo colegiado da Casa. “Nossa Comissão abraçou essa causa e irá dar os encaminhamentos necessários para a viabilização desse centro”, afirmou Saretta, que falou ainda a respeito do Fundo Estadual de Combate ao Câncer, projeto de lei de sua autoria, que foi edificado com apoio de várias entidades, como a ACBG, mas foi vetado pelo governo do Estado.
Ele informou que, no momento, existe a possibilidade de que o projeto volte a ser analisado na CCJ na Casa. “Esperamos há seis meses para que o Governo encaminhe um projeto de sua autoria visando a criação deste Fundo. Como até o momento não aconteceu, estamos conversando com os demais parlamentares para que seja feita análise e derrubada do veto ao nosso projeto”, explicou.
Agência AL
Fonte: alesc.sc.gov