Ram Rampage impressiona na pista e vai fazer Fiat Toro e Ford Maverick tremerem; leia o teste


Quando chegou oficialmente ao Brasil há pouco mais de dez anos, a Ram era uma marca de nicho sem muitas pretensões. Mas a enorme procura pelas caminhonetes grandalhonas da marca fez os planos mudarem: sob a tutela da Stellantis (conglomerado automotivo que inclui Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën, entre outras), a Ram agradou os consumidores brasileiros, vendeu estoques em questões de horas e agora apresenta um modelo inédito, fabricado no país, para consolidar esse sucesso.

Estamos falando da nova Rampage, uma picape bem menor que os “pequenos caminhões” que compõem sua linha — 1500, Classic, 2500 e 3500. A ideia aqui é aumentar seu público-alvo com um produto mais palatável, já que o tamanho avantajado, o alto preço e até a necessidade de habilitação na categoria C restringem o alcance da empresa, mesmo com seu crescimento exponencial nos últimos quatro anos.

Ou seja, a Rampage tem enorme potencial para dominar cidades grandes e cosmopolitas como São Paulo e Rio de Janeiro em vez de ficar restrita a áreas onde o agronegócio prevalece, já que é difícil estacionar uma 1500 no shopping, por exemplo.

Com experiência de lançar uma picape intermediária com ótima aceitação no mercado brasileiro na bagagem, caso da Fiat Toro, a Stellantis deu sinal verde para o desenvolvimento de um projeto nacional. Assim abriu espaço na fábrica de Goiana (PE), de onde saem os Jeep Renegade, Compass e Commander, além da própria Toro, para a produção da Rampage.

E não foi só a expertise com a picape da Fiat com a qual o novo modelo da Ram foi beneficiado. As duas dividem a mesma plataforma (apesar de a marca norte-americana afirmar que fez modificações em 60% da estrutura) e muito da mecânica, inclusive o motor.

Falando no trem de força, são três versões para a Rampage, mas apenas Rebel e Laramie podem ser equipadas com o conjunto da Toro formado pelo 2.0 turbodiesel de 170 cv. O torque de 38,8 kgfm é o mesmo do Jeep Commander e ligeiramente maior do que o da picape da Fiat, que tem 35,7 kgfm.

Já a configuração R/T (de Road & Track, uma herança dos tempos de Dodge) traz apenas o 2.0 turbo a gasolina, com o sugestivo nome de Hurricane 4, que só era conhecido por essas bandas no Jeep Wrangler, apesar de ter recebido calibrações específicas para a caminhonete. Nesse caso, as três opções podem ser equipadas com esse motor, que rende 272 cv e 40,8 kgfm, pareado com o mesmo câmbio de nove marchas. Todas elas recebem tração 4×4 com reduzida.

Em termos de design, a Rampage herda muitas características das irmãs maiores, mas em proporções reduzidas. E as versões também têm diferenças entre si, confira abaixo:

Por dentro, o acabamento é de primeira e também muda conforme a versão, com couro preto na Rebel, marrom na Laramie e com mistura de couro e suede na R/T. A central multimídia tem tela de 12,3 polegadas e o painel de instrumentos digital tem 10,3”. Além disso, a lista de equipamentos traz itens como sete airbags, controle de velocidade adaptativo com Stop&Go, alerta de colisão frontal com frenagem autônoma de emergência e detecção de pedestres e ciclistas, monitoramento de pontos cegos, detecção de tráfego traseiro cruzado e alerta de saída de faixa com correção no volante.

Como divide a plataforma com a Toro, as medidas são semelhantes, especialmente com a mesma distância entre-eixos de 2,99 metros. São 5,03 m de comprimento, 1,89 m de largura e 1,78 m de largura. A caçamba tem 980 litros de capacidade e é capaz de carregar 1.015 kg nas opções a diesel e 750 kg nos modelos a gasolina.

E se a briga das versões a diesel é “em casa”, com motor a gasolina a rivalidade tem a mesma bandeira norte-americana: a Ford Maverick tem tamanho e números de desempenho bem semelhantes aos da Rampage. O preço também fica bem próximo, mas a Maverick tem a vantagem de oferecer uma versão híbrida pelo mesmo valor, o que pode pesar a balança a seu favor se o objetivo for economizar combustível.

Isso porque o consumo da Ram com gasolina é de 7,9 km/l na cidade e 9,7 km/l na estrada (8 km/l e 10 km/l na R/T), o que é incomparável à versão híbrida da Maverick, que roda 35,4 km/l e 17,3 km/l, respectivamente. Já com diesel a Rampage registra 9,8 km/l no consumo urbano e 12,4 km/l no rodoviário.

O preço também flutua mais para a Maverick, já que suas duas versões (híbrida ou somente a gasolina) custam os mesmos R$ 244.890. Para diminuir a canibalização interna, a Fiat reduziu em R$ 20 mil os preços da Toro diesel, que tem preços agora variando entre R$ 188.590 e R$ 206.890 — o que escancara como a rival estava cara. Veja seguir os preços da Rampage:

Como o motor turbodiesel da Toro já é bem familiar, dirigimos apenas a versão a gasolina da nova picape nesse primeiro contato. E podemos afirmar: em termos de desempenho, a Rampage vai dar trabalho para Maverick e Toro. E para algumas concorrentes maiores também.

O apelo sobre as rivais começa já pelo fato de a Ram ser uma marca premium e objeto de desejo quando comparada às fabricantes generalistas. Por isso, mesmo sendo um pouco mais cara, a caminhonete se ampara no acabamento luxuoso e em altas doses de tecnologia, além de ter um motor mais potente e uma capacidade que impressiona no fora de estrada.

Apesar de ainda não termos dirigido a picape nas ruas, o test-drive foi dividido em duas partes: pista e circuito off-road. Em altas velocidades, a Rampage tem um comportamento que agrada bastante, apesar de seus limites por ser um carro com centro de gravidade mais alto. Se o motorista abusar do acelerador em curvas, ela tem uma leve tendência a sair de frente, mas nada que não possa ser rapidamente corrigido.

Afinal, pisar mais fundo no pedal da direita é convidativo quando se tem na mão 272 cv para domar, auxiliados por um sistema de tração integral e controle eletrônico de estabilidade.

Ainda mais na versão de topo, que pode ficar com uma performance endiabrada quando acionado o botão R/T, feito para deixar as respostas do conjunto mais rápidas. Nessa configuração, a velocidade máxima chega a 220 km/h e a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 6,9 segundos (210 km/h e 7,1 s nas demais).

Destaque também para a suspensão traseira multilink, que deixa o desempenho equilibrado mesmo em trechos mais esburacados ou de paralelepípido, em que a transferência das vibrações na cabine é suave. Segundo técnicos da Ram, os componentes do conjunto são os mesmos da Toro, mas os ajustes são feitos exclusivamente para a Rampage.

Mas é no fora de estrada é que a picape brilha. Mesmo com a caçamba carregada com 500 kg, ela enfrentou circuitos de terra e lama densa sem nenhum tipo de perrengue. Também passou por trechos difíceis comuns a quem gosta de encarar uma trilha, com pisos de areia, irregularidades profundas, pedras, buracos e água (com capacidade de imersão de até 50 centímetros) com louvor.

Até uma escadaria a Rampage subiu, além de descer uma rampa com inclinação de 45 graus sozinha, com a ajudinha do sistema de controle de descida (hill descent control), acionado por um botão no console central.

Se as picapes maiores da Ram já vendem toda a cota de importação mais rápido que os ingressos para o show da Taylor Swift, a Rampage deverá fazer um sucesso imediato quando chegar às lojas, mas com a vantagem de ser produzida no Brasil, o que lhe deverá garantir volumes surpreendentes nessa fase de lançamento. A pré-venda, aliás, começa na próxima quinta-feira (22).

No fim das contas, unindo seu desempenho equilibrado entre asfalto e terra, além de acabamento caprichado e lista de equipamentos recheada, a Rampage tem todas as cartas para repetir o desempenho das irmãs maiores por aqui. Toro e Maverick, tremei.

Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.

Fonte: direitonews

Anteriores OAB escolhe lista sêxtupla para vaga do Quinto Constitucional no STJ
Próxima Citando Putin e Irã, gabinete de Zelensky critica Israel por não enviar armas: 'Inimigos em comum'