LUCAS BRÊDA
RIO DE JANEIRO, RJ – Uma multidão se apertou no palco Supernova, um dos menores do Rock in Rio, para assistir ao show do MC Poze do Rodo na noite deste sábado (3). O espaço ficou pequeno para o artista, que nos últimos anos empilhou hits entre as músicas mais ouvidas do país.
Nem o som no palco Supernova foi capaz de dar conta das batidas e das rimas de Poze do Rodo, e quem não conseguiu se aproximar das caixas ouvia mais o público cantando do que a música que saía do palco. Para termos de comparação, o palco dedicado à música eletrônica, próximo e consideravelmente maior do que o Supernova, estava mais vazio.
Num dia de Rock in Rio marcado por artistas de trap e de funk, poucos nomes no Brasil representam tão bem a intersecção desses gêneros quanto Poze do Rodo. Depois de estourar como funkeiro na vertente 150 BPM há cerca de três anos, ele assinou com a gravadora Mainstreet, do rapper Orochi, e fez a transição para o trap.
Poze mostrou seu arsenal de sucessos logo de cara, cantando “Me Sinto Abençoado”, parceria com Filipe Ret, “Vida Louca” e “A Cara do Crime (Nós Incomoda)”, “Eu Fiz o Jogo Virar” e “Metflix”. Jogando em casa, no Rio de Janeiro, ele saudou a torcida do Flamengo e brincou que estava solteiro.
Foram poucos os momentos que o público –mais jovem, com muitos adolescentes– não cantou junto, mesmo quando, no estilo clássico do funk carioca, Poze puxou uma sequência de músicas antigas acompanhado apenas por um “ponto”, aquele tipo de batida eletrônica improvisada pelo DJ. Entre elas estiveram “Tô Voando Alto” e “Ta Fluindo”.
Expoente do estilo de trap feito atualmente no Rio de Janeiro –de batidas minimalistas, clima viajado, letras de ostentação e que retratam a cultura de favela do Rio–, Poze foi acompanhado por Bielzin, também MC do selo Mainstreet e compositor de alguns de seus hits. Juntos, eles cantaram “Camisa do Flamengo”, sucesso de Meno K, jovem MC gaúcho que sobreviveu a um ataque a tiros na saída de um show.
Eles também levaram ao palco o atleta Paulo André, famoso por participar do último Big Brother Brasil. “Quem conhece nossa história sabe. Nós passamos vários perrengues, e hoje olha quem está aqui com a gente.”
Vale lembrar que Poze do Rodo já esteve na mira da polícia algumas vezes, acusado de se associar com o tráfico de drogas. Eles voltaram a cantar “Me Sinto Abençoado”, desta vez com papel picado, fumaça, o público jogando cerveja para cima e muita festa, antes de deixarem o palco.
Quando o público saiu do show para se dirigir a outros palcos, outra multidão travou a movimentação, causando pequenas confusões. Eram os fãs do Teto, outro trapper que costuma frequentar a lista de mais ouvidas do país, também escalado para o palco diminuto.