Homem denuncia supermercado por r4cism0 após ser confundido com mendigo, em Fortaleza


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Via @portalg1 | Um homem denunciou um supermercado de Fortaleza por racismo. Segundo ele, enquanto fazia compras com a mulher no estabelecimento no Bairro de Fátima, uma funcionária teria ordenado que ele saísse do local, pois “não era lugar de pedinte”.

O caso aconteceu em setembro de 2022. No último dia 29 de maio, aconteceu a segunda audiência de conciliação entre o homem e os representantes do supermercado, mas não houve consenso na tentativa de obter um acordo amigável entre as partes.

“Ela fez isso na frente de todo mundo, apontou o dedo diretamente a mim, dizendo em voz alta que eu era um ‘pedinte’ e que estava pedindo esmola para a minha esposa, uma mulher branca. Eu fiquei tremendo na hora, me senti muito mal. Nunca havia passado por uma situação como essa”, disse o homem em relato para a Defensoria Pública do Estado do Ceará, que está à frente do caso.

Em nota, o supermercado Pão de Açúcar disse que repudia veementemente quaisquer atitudes discriminatórias e tem o respeito e a inclusão como valores e compromissos inegociáveis, em alinhamento ao que determina o Código de Ética e a Política de Diversidade, Inclusão e Direitos Humanos da rede. “Sobre o caso mencionado, de setembro de 2022, ele encontra-se, nesse momento, em trâmite judicial”, acrescentou o estabelecimento.

Camisa do time

Antônio Carlos, mestre de obras que denuncia o caso, diz na hora da abordagem a funcionária alegou que havia recebido o chamado de uma cliente não identificada sobre um homem com a camisa do Fortaleza Esporte Clube, supostamente, pedindo comida dentro do supermercado.

Segundo ele, havia muitos outros clientes vestidos com a blusa do time de futebol, porque no mesmo período acontecia uma partida contra o Flamengo, nas proximidades.

“Eu disse na frente da funcionária que ela estava equivocada, mostrei minhas compras e o cartão nas mãos. Aí eu a questionei: ‘Tem um bocado de gente com a camisa do Fortaleza aqui e você não abordou ninguém! Aí você me escolheu para abordar? Eu não estou vendo ninguém da minha cor. Eu sou o diferente aqui?’”, relembra Antônio Carlos.

Ele estava ao lado de sua esposa, Sandra Maria, que acionou a polícia. O casal, a funcionária e três testemunhas foram levadas até a delegacia do 10º Distrito Policial para prestar depoimento.

“Na lavratura do boletim de ocorrência, mesmo com a declaração da fiscal de caixa que fez a abordagem de cunho racista, o fato foi registrado como ocorrência não delituosa, significando que não houve crime e tampouco poderia ser dada uma ordem de prisão. A funcionária foi liberada e o inquérito instaurado e enviado para o 25º Distrito Policial”, apontou a Defensoria.

O g1 Ceará também tentou contato com a Secretaria da Segurança Pública, mas não teve retorno até a publicação desta matéria.

Trâmite judicial

Desde que o órgão assumiu o caso, duas audiências de conciliação foram realizadas na tentativa de obter um acordo amigável entre as partes. A última aconteceu na tarde do dia 29 de maio e contou com a presença de uma mediadora, mas não houve consenso.

Pela falta de consenso, o processo segue agora em fase de instrução processual necessária para a justiça emitir uma sentença.

“Já que não teve acordo, entramos na fase de instrução, onde serão colhidas as diferentes provas, depoimentos e oitivas de testemunhas, para minimizar os danos sofridos com essa abordagem abusiva e vexatória”, explica a defensora pública Mariana Lobo.

Por g1 CE
Fonte: g1.globo.com

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