O Museu de História Natural do Araguaia (MuNHA) comemora hoje, dia 5 de junho, cinco anos desde a abertura do acervo à visitação pública, que já totaliza mais de 7 mil visitantes da maioria dos estados brasileiros e de outros países, e prepara reformas e novas exposições com recursos recebidos do CNPq que somam mais de R$ 1 milhão a serem gastos nos próximos três anos.
As atividades desenvolvidas desde a abertura das portas à comunidade incluem visitas monitoradas para estudantes da Educação Básica, universitários e grupos comunitários, exibição de filmes e documentários, oficinas e minicursos, exposições temporárias; além de outras atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão realizadas no espaço museal, como aulas práticas para cursos de graduação, aulas práticas elaboradas por estudantes de Estágio Supervisionado, Programa de Residência Pedagógica (PRP) e Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID).
O museu também tem oferecido periodicamente cursos de capacitação para monitores e estudantes de graduação, além de abrigar projetos de pesquisa e bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Pesquisa (PIBIC). As atividades desenvolvidas ao longo da história da instituição foram viabilizadas com a captação periódica de recursos em agências de fomento, especialmente o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Desde os primeiros recursos financeiros captados, os professores seguiram apresentando propostas para as agências de fomento e conseguiram aprovar outras quatro propostas, totalizando mais de R$ 1,3 milhão. Parte desses recursos serão utilizados para reforma do espaço físico permitindo fazer melhorias na infraestrutura como climatização do salão principal, renovação da exposição de longa duração, melhoria da acessibilidade, criação de novos ambientes interativos, compra de equipamentos e oferta de bolsas para estudantes atuarem no museu.
Desde a idealização do museu, já se passaram quase 13 anos. “A ideia de criar o MuHNA surgiu em 2010, quando nos deparamos com dezenas de animais mortos, vítimas de atropelamentos em estradas e rodovias da região, que estavam armazenados em freezers da UFMT”, explica a diretora do MuHNA e uma das idealizadoras, professora de Biologia Márcia Cristina Pascotto. Com o lançamento de edital do CNPq em 2013, quatro professores de diferentes áreas do conhecimento apresentaram a proposta contemplada com R$ 150 mil que viabilizou a instalação do museu no Campus Universitário do Araguaia.
Projetos aprovados devem permitir avanço de popularização da ciência
Segundo o professor de Geologia e idealizador do MuHNA Silvio Colturato, os projetos aprovados certamente irão impactar no crescimento do museu e na educação da região. O projeto “Divulgação científica e ensino da Paleontologia na educação básica” prevê a aquisição de duas paleoartes de um dinossauro mato-grossense, o Abelissaurídeo Pycnonemosaurus, que viveu no estado há aproximadamente 70 milhões de anos.
“Será um grande atrativo para o público infanto-juvenil, como também para adultos”, explica o professor. Além das réplicas, o projeto prevê ações diretamente nas escolas da Educação Básica, com a oferta de oficinas de produção de réplicas de fósseis e a construção de kits de fósseis que serão doados às escolas. “Esses kits serão materiais didáticos que auxiliarão os professores da educação básica no ensino de temas de paleontologia”, completa.
Graduada em Biologia, Roberta Moreno espera que os projetos aprovados possam impactar positivamente também na preservação do meio ambiente. Estagiária no no MuHNA desde a graduação e atualmente vinculada como colaboradora, ela acredita que nos próximos anos o museu irá contribuir ainda mais com a comunidade local e a região, especialmente com a preservação do bioma Cerrado.
“Que nos próximos 5 anos o museu esteja ampliado para melhor servir a comunidade local e região, que tenha muitos monitores e visitantes. Que seja um dos maiores a expor a biodiversidade do Bioma Cerrado e suas peculiaridades”, ressalta.
Extensão e pesquisa aglutinam ações de professores e estudantes
Antes mesmo da inauguração do espaço de visitação ao acervo, os projetos de extensão são responsáveis por parte considerável das atividades desenvolvidas pelos professores vinculados ao MuHNA até hoje. O projeto de extensão Litoteca utilizava o acervo de rochas, minerais e fósseis coletados durante as aulas de campo do curso de Biologia para ilustrar atividades com estudantes da Educação Básica. Esse conjunto de peças passou a integrar o acervo de Paleontologia do MuHNA. Tratava-se de uma uma espécie de uma “biblioteca da geodiversidade”, segundo o professor Silvio Culturato.
“A Litoteca foi criada para depositar materiais de coletas que faço todos os anos em aulas práticas de campo das disciplinas de Geologia e Paleontologia que leciono na UFMT e socializar esse acervo com a comunidade. É um acervo crescente. Dessa forma, a maior parte do acervo de minerais, rochas e fósseis hoje disponível no museu foi doada pela Litoteca. Podemos dizer que a Litoteca foi a mãe da Seção de Geologia e Paleontologia do MuHNA”, explica o professor. A maior parte das peças do acervo representam a geodiversidade da região do Araguaia e dos estados de Mato Grosso e Goiás.
Outro projeto de extensão desenvolvido periodicamente no MuHNA é a Oficina de Peças Anatômicas, quando os alunos aprendem a preparar peças anatômicas utilizando diferentes técnicas, algumas delas utilizadas frequentemente na preparação das peças taxidermizadas do museu. “Algumas dessas peças da oficina passaram a compor o acervo do museu e foram inclusive para a exposição”, explica a professora de Anatomia e idealizadora do museu, Luana dos Anjos Ramos.
Associando os projetos de extensão e pesquisa, a professora Luana Ramos já publicou artigos junto com alunas que investigaram diferentes procedimentos para conservação de peças expostas no museu. O projeto Estudos morfológicos experimentais visa justamente o estudo de novas técnicas de preparação de peças, tanto com fins didáticos quanto expositivos. Alunos já investigam vasos e ductos do fígado da onça parda e já pesquisaram fixação de peças em diferentes meios comparando o uso de formol, álcool e solução salina na conservação das peças.
As pesquisas visam muitas vezes adaptar conhecimentos utilizados em outros contextos para a realidade do museu. “A técnica de plastinação que já é usada em vários lugares para exposição de peças anatômicas, tentamos adaptar para nossas condições locais em termos de clima e recursos disponíveis, como financeiros”, adianta Luana Ramos. O projeto foi contemplado com recursos da Pró-reitoria de Pesquisa da UFMT e serviram para compra dos materiais utilizados na investigação.
Fonte: ufmt