Uma corrida interminável contra o tempo. Eis uma boa frase para resumir o trabalho da QI Tech no que se refere à prevenção de fraudes. Com diversas soluções que diminuem os riscos de golpes, ela analisa mais de 10 milhões de transações a cada mês. “Nossas análises são concluídas em menos de 1 segundo”, explica Gabriel Scherer, sócio da companhia e head da área de Conheça Seu Cliente (KYC, antifraude e motor de crédito).
Levar mais tempo do que isso, afinal, poderia comprometer a experiência dos consumidores — e prejudicar o desempenho das companhias que utilizam as soluções da QI Tech. Pegue, como exemplo, o Banco Bari, um dos grandes clientes da empresa. Muita gente não sabe, mas para clientes como esse, tanto o onboarding de novos usuários quanto cada um dos pagamentos e transações são validados em milissegundos pela QI Tech — tudo para evitar fraudes. Desnecessário dizer qual seria a reação dos clientes do banco se eles fossem obrigados a esperar para realizar um simples Pix ou pagar um boleto qualquer.
Não à toa, a QI Tech analisa mensalmente 1,3 milhão de usuários e já atingiu a marca de 13 milhões de cadastros validados e provas de vida. Tudo somado, a companhia evitou até aqui que mais de R$ 20 bilhões fossem fraudados.
Mais de dez bancos fazem parte da lista de clientes, além de um dos três maiores marketplaces do Brasil e de um dos maiores aplicativos de abastecimento de combustível do país. Por questões contratuais, a QI Tech não revela o nome de todos. Os que são divulgados dispensam apresentações: QuintoAndar, Enjoei, Unidas e 99, além do Banco Bari.
O que faz a QI Tech?
Fundada em 2018, a QI Tech tem como propósito democratizar o acesso ao crédito e a serviços financeiros — e, com isso, permitir que mais pessoas possam realizar, com facilidade e agilidade, empréstimos, financiamentos e transações de todos os tipos.
Começou atuando no mercado de lending as a service (LaaS), com tecnologia para esteiras de crédito e financiamento, evoluiu para banking as a service (BaaS) e oferece uma infraestrutura completa para empresas que querem se transformar em bancos digitais. Permite a abertura de contas individualizadas para todos os usuários com direito, por exemplo, a Pix, TED, DOC e boletos.
Mais: dá para gerenciar o fluxo de recebimento de pagamentos dos clientes, controlar o saldo e a liquidação das obrigações com um ou mais credores, emitir cartões físicos ou virtuais com a marca da empresa e até cartões pré-pagos.
A companhia oferece soluções do tipo “plug and play” em todos os seus produtos. As APIs disponíveis facilitam a gestão, o faturamento, o rastreio e o processamento de cobranças e pagamentos. Em outras palavras, aprimoram a experiência dos clientes e minimizam os riscos de inadimplência e de atrasos.
QI Tech: soluções one stop shop
Em dezembro de 2021, com a compra da Zaig, especializada em prevenção a fraudes, a QI Tech ampliou seu escopo. “Nos últimos anos, inúmeras companhias se digitalizaram, aumentando as oportunidades para os hackers aplicarem golpes”, lembra Scherer, um dos fundadores da Zaig. “Como os riscos aumentaram, toda empresa que se digitalizou precisa dar a devida atenção à prevenção de fraudes.”
E sobretudo no Brasil, onde, historicamente, a incidência de crimes do tipo é altíssima. Não à toa, a invenção dos cartões de débito e crédito com chip é atribuída ao excesso de clonagens registradas em países como o nosso.
Oferecer soluções de prevenção a fraudes só faz sentido se elas forem aprimoradas o tempo todo, regra da qual a QI Tech, que só atua no segmento B2B, não descuida. “Partimos do princípio de que as quadrilhas de hackers estão sempre empenhadas em driblar as proteções que nós criamos, e é por isso que nossas soluções são constantemente aperfeiçoadas”, registra Scherer. A prevenção começa com o onboarding — o cadastro de um novo consumidor em empresas de diversos segmentos, como financeiro ou varejo. Em segundos, a QI Tech cruza os dados do usuário com múltiplas bases para garantir que esse novo cliente de um banco ou de um aplicativo de delivery, por exemplo, não é um golpista.
Com o Device Scan, a companhia faz uma análise completa do dispositivo do usuário. Valida os aplicativos instalados e a geolocalização e descobre se o equipamento foi violado ou “rootado” (quando há quebra de segurança do sistema operacional do celular) e se consta de sua base de fraudadores.
O reconhecimento facial, atualmente, é um dos grandes aliados para barrar a ação dos golpistas. Com o advento das deepfakes, essa solução foi aprimorada pela QI Tech. “Temos de nos antecipar aos golpes possibilitados por novas tecnologias”, diz o fundador da Zaig.
A companhia também oferece uma solução completa para validação de transações e pagamentos — seja com TED, DOC, boleto, cartões e Pix. Sim, a chegada dessa última modalidade de transferência monetária abriu caminho para uma infinidade de golpes nos últimos anos. Daí a importância das validações que a QI Tech faz em milissegundos.
Quando o assunto é crédito, a companhia também oferece soluções “plug and play”. Dispõe de APIs que permitem a emissão de crédito de forma 100% digital. Com a modalidade “buy now, pay later”, por exemplo, até clientes que não possuem conta ou limite de crédito pré-aprovado podem adquirir produtos agora e pagar por eles depois, à vista ou em parcelas.
A visão da companhia é se tornar um “one-stop-shop” de infraestrutura tecnológica e regulatória para serviços financeiros. “Estamos entrando em uma era onde empresas conseguem proporcionar uma boa experiência aos seus clientes, se protegendo de fraudes e fidelizando e rentabilizando a base”, conclui Scherer.
Fonte: exame