Ao cair 0,35% em abril, inflação da indústria acumula deflação de 4,63% em 12 meses


Menor variação já registrada para abril, desde o início da série histórica, em 2014, os preços da indústria recuaram 0,35% no mês passado, ante março deste ano. Em consequência, a queda acumulada em 12 meses, de 4,63%, é considerada a maior para esse indicador, apontam dados do Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgados, nesta terça-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao observar que das 24 atividades industriais pesquisadas, 12 apresentaram variação negativa.

Para o analista da pesquisa, Murilo Lemos Alvim, “a queda de 0,35% foi a terceira consecutiva e a oitava dos últimos nove meses. Desde agosto de 2022, quando se iniciou a trajetória de queda, até abril deste ano, o IPP já acumula uma redução de 8,29”.

Entre as áreas que exibiram maior variação, o destaque coube à farmacêutica (3,97%); papel e celulose (-3,57%); madeira (-3,19%); e outros produtos químicos (-2,61%) – este o maior responsável pela composição do resultado agregado, com peso de -0,22 ponto percentual (p.p.), levando em conta o comparativo mensal,

Neste aspecto, Alvim comenta, ainda, que “a indústria química foi a atividade de maior influência no resultado do IPP em abril, com uma queda de 2,61%, décima variação negativa seguida. Abrindo o setor nos três grupos que divulgamos – fabricação de produtos químicos inorgânicos, fabricação de resinas e elastômeros, e fabricação de defensivos agrícolas –, vemos que há quedas nos três grupos. Mas o destaque é em fabricação de produtos químicos inorgânicos, onde estão os fertilizantes. Este grupo teve uma queda de 6,39% na comparação de abril contra março”.

Após um longo período de escassez, encerrado no fim do primeiro semestre do ano passado, os fertilizantes agora se inserem num cenário de mercado que combina excesso de oferta com demanda reprimida, uma vez que os produtores vêm mantêm estoques elevados.

“A oferta de fertilizantes no mercado mundial vinha sendo impactada pelas restrições da pandemia e ficou ainda mais escassa com a guerra na Ucrânia. Os produtores brasileiros acabaram reforçando os estoques para evitar a falta em época de safra. No período, os preços subiram, mas a partir do segundo semestre do ano passado, com menos restrições da pandemia e volta da exportação de países europeus, a oferta cresceu, mas não foi acompanhada pela demanda. Isso impactou o setor químico como um todo”, explica o analista da pesquisa.

Segunda maior influência no resultado mensal, além de apresentar redução de 17,41% acumulada em 12 meses, o refino de petróleo apresentou declínio de 1,64% no mês passado. Sobre este segmento, Alvim destaca as quedas em alguns derivados como o óleo diesel e o querosene de aviação. “Um produto que não costuma ser destaque, mas o foi neste mês é o biodiesel, com redução devido à queda dos preços do óleo de soja, principal matéria-prima. Na contramão, o álcool etílico teve alta devido ao aumento nos preços da cana de açúcar, com oferta reduzida em função de questões climáticas”.

Em contraponto, exibiu alta o setor farmacêutico, com avanço de 3,97%, em decorrência da autorização, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de reajuste anual, em até 5,6%, dos preços dos medicamentos. O setor de papel e celulose, por sua vez, sofreu impacto direto da queda do dólar, de 3,7% em abril, ante o mês anterior – a maior redução desde agosto de 2022, quando caiu 4.2%.

Já o setor de papel e celulose foi impactado pela queda de 3,7%do dólar em abril, ante março, configurando a maior redução desde agosto de 2022, quando havia caído 4,2%. “O dólar mais baixo impacta diversos setores que têm como característica produtos exportáveis. O setor de papel e celulose teve queda de 3,57%, o maior resultado negativo do IPP neste mês. Além do dólar, houve uma menor cotação da celulose no mercado internacional”, concluiu Alvim.

Fonte: capitalist

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