Qual é o impacto econômico do novo incentivo à indústria para carros populares?


O governo federal anunciou nesta quinta-feira (25) o novo plano para reduzir impostos dos carros mais baratos do Brasil. De acordo com Geraldo Alckmin, Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (e vice-presidente), carros com preços de até R$ 120 mil podem ficar de 1,5% a 10,79% mais baratos com novas medida. Autoesporte conversou com um especialista para entender o impacto econômico dessa medida.

A expectativa é de que os carros novos mais baratos passem a custar menos de R$ 60 mil com as isenções. Renault Kwid e Fiat Mobi, os modelos mais em conta do país, são vendidos por R$ 68.990. Os detalhes ainda serão discutidos com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que terá 15 dias para anunciar cada faixa de desconto para os carros novos.

Essa redução de até 10,79% será feita por meio de ajustes no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e no PIS/Cofins usando como base três critérios:

Portanto, os novos carros populares serão contemplados com as isenções com base no preço (quanto mais barato, maior a redução), eficiência energética (quanto menos poluentes, maior a redução) e densidade industrial (quanto maior o índice de peças nacionais, maior a redução).

“O impacto não deve representar algo muito significativo diante do cenário atual. Isso porque o poder de compra atualmente inibe essa possibilidade de um avanço grande, mesmo que os carros passem a ser vendidos a partir de R$ 60 mil. O consumidor está muito afetado com a elevação dos custos que foram repassados nos preços nos últimos anos”, afirma Antônio Jorge Martins, coordenador de cursos automotivos na FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Outro ponto que o especialista ressalta é que são poucas as fabricantes que têm veículos nessa faixa de preço de até R$ 120 mil. A volta do carro popular é uma forma de tentar alavancar a indústria automotiva após a crise dos últimos anos causada pela pandemia. Porém, esses modelos de entrada não são exatamente os mais rentáveis para as fabricantes. É por isso que modelos mais simples deixaram de existir.

“Equipamentos de segurança, por exemplo, as fabricantes não vão retirar dos carros. E itens de conectividade acho difícil abrirem mão porque é o segmento no qual muitas fabricantes investem, junto com outras empresas, para ter carros mais conectados, que os deixam mais caros. É um caminho sem volta”, explica.

Por outro lado, Martins vê com bons olhos o anúncio feito pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, de linhas de crédito em dólar no valor de R$ 4 bilhões para a indústria como um todo. Desse total, metade será destinado para financiar exportações e os outros 50% para investimentos pelas empresas.

“Fabricantes estão com problemas em suas matrizes pelo atuais desafios de investimentos em conectividade e motorização devido às vendas em baixa. A possibilidade do BNDS ajudar essas empresas é muito boa, porque hoje em dia as matrizes devem se autossustentar, serem eficazes e lucrativas, então essa medida traz benefícios, é bom para inovar e evoluir em novas direções.”

Com uma projeção mais um pouco mais otimista, Milad Kalume, diretor de desenvolvimento da Jato Dynamics, espera que a redução de impostos possa fazer as vendas acumuladas saltarem de 2,1 milhões para 2,3 milhões até o final de 2023. Isso corresponde a um avanço de 10%

“É um alento, pois a elevação é de 10% sobre a projeção anterior. Mas nosso mercado tem uma ociosidade muito grande, que só vai melhorar com maior oferta de crédito e redução da taxa de juros”, afirma o executivo.

De qualquer maneira, mesmo com a perspectiva do que deve acontecer, o governo ainda precisa detalhar melhor o plano, como a tabela de eficiência energética, para que as fabricantes saibam se os veículos atuais já se enquadram na redução ou se terão de passar por adaptações.

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Fonte: direitonews

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