Conforme o jornal, de mãos dadas com a realidade alarmante do aumento da inflação espalhada por todo o continente europeu, entra um processo sociopsicológico complicado. “De maneira silenciosa e astuta”, a sociedade europeia fica cada vez mais cheia de medo e desespero. Os cidadãos europeus começam pouco a pouco a duvidar dos fundamentos da “Torre de Babel”, debaixo da qual têm vivido até agora.
“Muitos até dizem que está sendo posta em questão a própria existência da União Europeia“, diz a publicação.
Segundo o colunista, hoje em dia a Europa não tem nem uma filosofia, uma religião ou uma arte próprias. O imperialismo e a industrialização padrão são “os marcadores principais da transição cultural da civilização europeia moderna”.
“O que virá depois do colapso do Ocidente? Novas culturas e novas raças. Quais e de onde?”, indaga o autor.
Algum dia, os principais líderes europeus, tais como Tony Blair, afirmaram que “o século XXI será um século da eurocentralização” e que “a União Europeia se tornará uma comunidade-líder do século“.
“Contudo, hoje, depois de 24 de fevereiro, se torna cada vez mais óbvio que se realizará a previsão de [historiador e filósofo alemão Oswald] Spengler”, salienta-se.
Assim, Spengler opinava que em algum ponto do Leste Asiático nasceria uma nova cultura criativa, para substituir a Europa esgotada.
“A Europa encontra-se em uma encruzilhada, e toda a ordem e o sistema de valores criados após a Segunda Guerra Mundial estão postos em questão. Antes de mais nada, é o mérito das elites políticas europeias”, enfatiza o autor.
Nas palavras do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, ao ter imposto sanções contra a Rússia, a Europa “atirou nos próprios pulmões”, afirmando que “a Europa levou os seus próprios cidadãos ao estado mais difícil nos últimos 70 anos”. O autor cita dados, de acordo com os quais a inflação nos países da UE bateu um recorde, ao ter alcançado 8,6% (e isso é 0,3% mais do que no mês passado). Na Bélgica, Estônia, Grécia, Espanha, Chipre, Lituânia, Letônia, Países Baixos e Eslováquia a inflação chegou a superar dois dígitos.
“A coisa mais paradoxal é o fato de os apoiadores de uma histeria antirrussa, os chamados ‘falcões’, como a Lituânia, Estônia e Letônia, registram uma inflação de mais de 20%, pagando de tal maneira pelo confronto irracional e aberto com a Rússia”, salienta-se.
As políticas da “greve de fome”, bastante duvidosas, foram evidenciadas no apelo do presidente polonês Andrzej Duda para os países do Ocidente mudarem a sua abordagem em relação à Rússia e desmontarem o gasoduto Nord Stream 2. Ao mesmo tempo, Duda não falou nada sobre a desmontagem do gasoduto Yamal que atravessa o território da própria Polônia.
“São os seus cidadãos que pagam por isso [pelas políticas irracionais], ao pagar contas enormes de eletricidade, água quente, gás, aquecimento e comida.”
Tudo isso, segundo a mídia sérvia, está ocasionando agravamento de incerteza, desigualdade, medo e desconfiança em relação à elite política europeia governante.