Como o Renault Mégane Scénic mudou o conceito de carro de família no Brasil 25 anos atrás


Um quarto de século: essa é a marca que a fábrica da Renault no Brasil completa no ano de 2023. São 25 anos de produção no Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais (PR), que foi inaugurado em dezembro de 1998. E você lembra qual foi o primeiro carro feito no país? O Mégane Scénic, um modelo que acabou se tornando referência quando o assunto é carro de família.

Mas, curiosamente, o carro que ilustra essa matéria não é a primeira unidade que saiu das linhas de montagem da fábrica paranaense. Ele é, na verdade, o primeiro carro montado em território nacional, com peças vindas da França, meses antes da inauguração do complexo. Em abril de 1998, o primeiro Scénic foi construído na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) de Curitiba para fazer parte do treinamento dos trabalhadores que iriam trabalhar na fábrica. Ou seja, é uma unidade “pré” pré-serie.

Talvez você não se recorde, mas no início o Scénic levava o prenome Mégane. Isso porque ele fez parte de uma família de carros construída na mesma plataforma, que incluía sedã, hatch, perua, uma versão conversível e, claro, o monovolume (e todos passaram pelo mercado brasileiro em algum momento).

Aqui as versões mais recentes foram o sedã e a perua, chamada Grand Tour, que ficaram em linha de 2006 a 2010 no caso do sedã, que foi substituído pelo Fluence, e 2012 no da perua, descontinuada para abrir espaço para o Duster na linha de produção.

Mas em 2001, com o sucesso do nome Scénic, o Mégane foi abolido da nomenclatura oficial quando o carro passou pela primeira reestilização. Então se você pensava que essas mudanças de nome nos carros da Renault são recentes, como o finado Sandero Stepway que antes de “morrer” virou só Stepway, e a picape Duster Oroch, que passou a ser chamada somente de Oroch, saiba que o precursor dessa tendência foi o Scénic.

Outra curiosidade é que o Scénic foi o primeiro monovolume fabricado no Brasil. Ele inaugurou esse conceito de carro familiar que priorizava o espaço interno, com destaque para a modularidade do interior. Apesar de a produção ter começado no fim de 1998, ele chegou ao mercado em março de 1999 (foram 33 mil unidades vendidas somente no primeiro ano de lançamento) e foi produzido até 2010 por aqui. No total, 142 mil Scénic ganharam as ruas brasileiras.

O carro das fotos, porém, foi conservado pela Renault por todos esses anos e mantém um aspecto impecável. Ele é equipado com motor 2.0 8V de quatro cilindros a gasolina, que rende 115 cv e 17,5 kgfm, além de câmbio manual de cinco marchas.

Por dentro, as soluções mais interessantes e inovadoras pra época estavam na parte de trás. Não havia um assento traseiro inteiriço, e sim três bancos individuais que podiam ser retirados caso fosse necessário.

Outra coisa legal eram as mesinhas fixadas no encosto do banco dianteiro e que poderiam ser baixadas, como as de avião, reforçando esse conceito de carro pra família. Mas como esse modelo foi feito antes até da versão pré-série, as mesinhas não existiam ainda. Essa, aliás, foi uma criação brasileira que depois foi adotada no Scénic no resto do mundo. O teto também é alto pra dar uma sensação de amplitude e o porta-malas tem um bom volume de 410 litros.

Na frente, o carro de produção trazia uma gaveta sob o banco do passageiro para guardar objetos, muito útil em caso de segurança para esconder bolsas, por exemplo, ou organizar sua coleção de CDs, em uma época que o sistema de som mais sofisticado era uma disqueteira. Mas a gaveta só existia no modelo brasileiro, já que o francês tinha a bateria fixada nesse local. Então, assim como no caso das mesinhas, o exemplar das fotos ainda não traz essa solução.

Com 25 anos, o carro marca somente 2.230 km no hodômetro, praticamente novo! O acabamento é bem feito e tem peças bem encaixadas. Isso porque ele era um carro premium na época, de uma marca proveniente de um país que sempre foi associado a coisas chiques. E em um clima de nostalgia, a gente levou o primeiro Scénic para dar uma voltinha.

Está certo que foi uma volta curta, sem poder acelerar muito, mas deu para relembrar como os carros eram algumas décadas atrás e como eles evoluíram em um espaço de tempo relativamente curto. A direção, por exemplo, é bem mais dura e pesada que a dos carros modernos aos quais acabamos nos acostumando, com assistências elétricas. O câmbio tem um funcionamento mais rústico, com encaixes não muito precisos, e o motor é mais áspero. Mas são características normais desse período e que, mesmo assim, não deixam a dirigibilidade ruim não, pelo contrário. O Scénic era um carro bem refinado mecanicamente para a época.

O que mais se destaca, porém, é a incrível visibilidade por conta da ampla área envidraçada. Você se sente dentro de um aquário. Claro, não existiam ainda os ilimitados recursos de assistência à condução como câmera de ré ou sensores que ajudam a estacionar hoje em dia, então como o motorista tinha que confiar nas próprias habilidades, nada melhor que ter um carro em que você enxergava tudo. E a posição de dirigir mais alta (revolucionária para a época), tão amada nos SUVs atualmente, também dava uma forcinha nesse quesito.

Depois de tanta importância que o Mégane teve na história da Renault, nada mais justo que reverenciar esse nome em um novo capítulo para a marca no Mégane E-Tech. Apesar de o nome continuar firme e forte na Europa, por exemplo, até hoje, aqui no Brasil ele volta a ser usado depois de mais de dez anos.

Como não podia deixar de ser, o carro que vai usar esse nome famoso só poderia seguir as principais tendências automotivas mundiais. O Mégane agora virou um SUV, e elétrico. O carro tem 4,20 metros de comprimento e 2,68 m de entre-eixos. Seu motor elétrico dianteiro rende 220 cv e 30,6 kgfm de torque e leva o modelo até os 100 km/h em 7 segundos, de acordo com a Renault. A autonomia deve ficar na faixa de 450 km.

Na cabine, o Mégane E-Tech tem uma tela de 12,3 polegadas para o painel de instrumentos digital e outra de 12″ para a central multimídia. Além disso, muitos dos revestimentos, plásticos e materiais usados são recicláveis. Esse a gente ainda não pôde dirigir aqui no Brasil, mas a Autoesporte já teve um gostinho do SUV elétrico durante o lançamento na Espanha (veja o vídeo abaixo).

Agora é esperar o lançamento, programado para o segundo semestre, para que a gente possa testar o carro em solo nacional. A Renault ainda não divulgou detalhes sobre a versão que será importada, mas ele deve chegar aqui custando por volta de R$ 300 mil.

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Fonte: direitonews

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