Pesquisadores da Universidade de Lille, na França, e do Hospital da Universidade de Lausanne, na Suíça, desenvolveram um novo tratamento que promete revolucionar a qualidade de vida de pessoas com Síndrome de Down. A terapia consiste na reposição do hormônio liberador de gonadotrofina, com o objetivo de evitar a degeneração cerebral e estimular conexões entre neurônios. A pesquisa foi publicada nesta sexta-feira (2/9) na revista Science.
O grupo descobriu que as alterações cognitivas desencadeadas pela Síndrome de Down estão relacionadas a problemas anteriores relacionados à produção de GnRH – hormônio liberador de gonadotrofina.
“A manutenção do sistema GnRH parece desempenhar um papel essencial na maturação cerebral e nas funções cognitivas. Na Síndrome de Down, a terapia com esse hormônio parece promissora, especialmente porque é um tratamento sem efeitos colaterais significativos”, afirmou Vincent Prévot, diretor de pesquisa do laboratório da Universidade de Lille e um dos autores do estudo, em comunicado.
Após a relação entre o hormônio e as alterações cerebrais ter sido identificada, os cientistas aplicaram injeções de GnRH em 644 camundongos que estavam preparados para servirem como modelos científicos da síndrome. Depois de 15 dias, a equipe verificou que a reposição havia melhorado os sintomas neurodegenerativos nos animais. Em seguida, os cientistas realizaram testes semelhantes em um grupo de sete homens com idades entre 20 e 50 anos com a mutação cromossômica.
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Os participantes tiveram um dispositivo colocado no braço que liberava uma dose do hormônio GnRH a cada duas horas, ao longo de seis meses. Os resultados identificaram a melhora cognitiva em seis dos sete voluntários. Eles apresentaram maior capacidade de compreender instruções, prestar atenção e memorizar informações.
As mudanças também foram comprovadas por exames de imagem realizados antes e depois do uso do hormônio. O único aspecto que não apresentou melhora foi a capacidade olfativa dos indivíduos.
Próximos passos
Ao mesmo tempo que os resultados são promissores, os estudiosos lembram que a alta dosagem de hormônios como o GnRH pode aumentar o risco de câncer, e pessoas com Síndrome de Down já apresentam maior chance de desenvolverem leucemia.
Os cientistas pretendem realizar um novo estudo, com mais participantes, para avaliar o tratamento com mais pessoas com Síndrome de Down e também querem testar o hormônio em pessoas com Alzheimer.
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