A maioria dos sistemas planetários tem um arranjo semelhante, onde as órbitas planetárias e a rotação estelar estão aproximadamente alinhadas, mas alguns exoplanetas desafiam essa tendência e não temos certeza do porquê.
De acordo com pesquisa divulgada na Universe Today, a orientação comum dentro de um sistema planetário faz sentido, dada a forma como os sistemas planetários se formam. A nuvem protoestelar a partir da qual uma estrela e seus planetas se formam geralmente tem algum momento de rotação inerente uma vez que os planetas se formam ao redor da estrela a partir do disco protoplanetário, o que determina sua órbita ser semelhante. Mas nem todos os sistemas são iguais no espaço.
Sistemas binários ou de múltiplas estrelas podem apresentar planos variáveis ao contrário do que se imaginava. Este é caso de um sistema planetário conhecido como WASP-131, como mostra um estudo recente.
CC BY 2.5 / Autiwa / Rossiter-McLaughlin effectPonto de observação situado na parte inferior: a luz da estrela que gira no sentido anti-horário é deslocada para o azul no lado que se aproxima e para o vermelho no lado que se afasta. À medida que o planeta passa em frente à estrela, ele bloqueia sequencialmente a luz desviada para o azul e para o vermelho, fazendo com que a velocidade radial aparente da estrela mude, mas na verdade permanece a mesma
Ponto de observação situado na parte inferior: a luz da estrela que gira no sentido anti-horário é deslocada para o azul no lado que se aproxima e para o vermelho no lado que se afasta. À medida que o planeta passa em frente à estrela, ele bloqueia sequencialmente a luz desviada para o azul e para o vermelho, fazendo com que a velocidade radial aparente da estrela mude, mas na verdade permanece a mesma
WASP-131 é conhecido por ter pelo menos um planeta, 131b. É um planeta de gás quente com uma massa um pouco menor que Saturno que orbita 131 a cada cinco dias. Estudos anteriores haviam descoberto que o planeta era incomum por causa da espessura de sua atmosfera. Embora sua massa seja apenas um quarto da de Júpiter, seu diâmetro é 20% maior e sua densidade é tão baixa para um planeta gasoso que é conhecido como um planeta supergasoso.
O planeta foi descoberto pelo método de trânsito, o que significa que ele passa na frente de sua estrela do nosso ponto de vista.
Na medida em que o planeta exerce sua rotação, a luz vinda da região da estrela girando em nossa direção é ligeiramente desviada para o azul, e a luz da região que gira para longe de nós é ligeiramente desviada para o vermelho. O efeito é conhecido como alargamento Doppler. Ao passo em que o planeta passa na frente da estrela, ele bloqueia uma parte das regiões com desvio para o azul e para o vermelho. Isso faz com que as linhas espectrais da estrela mudem um pouco produzindo o efeito Rossiter-McLaughlin, o que permite medir a orientação da rotação estelar.
A equipe de cientistas analisou a rotação de WASP-131 e descobriu que não era semelhante à de seu planeta. A órbita de 131b é inclinada cerca de 160 graus em relação ao plano rotacional da estrela, o que significa que está em uma órbita retrógrada quase polar.
Os pesquisadores têm se perguntado como o planeta adquiriu a estranha órbita e uma ideia inicial é o efeito Kozai, que consiste em interações dinâmicas entre o planeta, sua estrela e outros planetas no sistema. Em nosso Sistema Solar, podemos verificar o fenômeno com Plutão e Netuno, que inclinou a órbita de Plutão ao longo do tempo. O efeito Kozai é mais pronunciado com planetas menores, no entanto, e a interação entre planeta e estrela por si só não é suficiente para explicar uma órbita tão inclinada como a do 131b.
Ainda sem uma resposta, a equipe especula que a interação magnética entre o planeta e o disco protoplanetário no início de seu período de formação também é uma hipótese aceitável. O fato é que ainda não é possível determinar por que a órbita de 131b não segue o padrão esperado.
Fonte: sputniknewsbrasil