Reformas propostas por Scholz vão resultar na dissolução da União Europeia, diz analista


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Um episódio icônico foi o recente discurso do chanceler alemão Olaf Scholz na Universidade de Praga, em que o político interligou a necessidade de implementar reformas na UE e os planos de expandir a união para leste (para corresponderem às fronteiras da OTAN).
Ao longo dos últimos meses, tanto as autoridades europeias como os líderes dos “Três Grandes” (Alemanha, França e Itália) têm falado abertamente sobre a necessidade de abandonar o princípio da unanimidade na tomada de decisões na União Europeia. Hoje, esse princípio está em vigor quando se trata das questões da política externa, defesa e tributação.
Assim, segundo o autor, testemunhamos mais uma possível perda de soberania política dos Estados-membros da União Europeia. O problema é que, além de muitos cidadãos europeus, até os governos, representados por elites nacionais, se manifestam contra a medida.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, faz declaração após diálogo com líderes europeus e o presidente dos EUA, Joe Biden, em Berlim, 9 de abril de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 29.08.2022

Os países do Norte e Leste da Europa, tais como a Dinamarca, Polônia, Irlanda e Hungria, embora possam ter motivos diferentes, manifestam um ceticismo comum nesta questão. Entre os que não querem perder a sua soberania há quem considere demasiado importante a preservação da sua identidade (como a Hungria) e há os que querem evitar a “ditadura” dos numerosos “parentes pobres” do Leste. Apesar de tal discordância, em meio ao conflito na Ucrânia, Berlim e Paris tiveram que forçar o processo.
Ao mesmo tempo, crescem os apelos para admitir na UE novos países-membros, não só aqueles aos quais já se tinha prometido a perspectiva de adesão, mas também aqueles cujas chances tinham sido consideradas mínimas. Os apelos insistentes ao ingresso da Ucrânia na União Europeia, a fim de conter a “agressão russa” levaram Emmanuel Macron, no início de maio, a propor formar uma comunidade política europeia, para admitir em um certo espaço comum os países europeus que estão ainda longe de aderir à UE. Todos entenderam que, antes de mais nada, se tratava da Ucrânia, e Macron nem sequer tentou escondê-lo.

“Todos bem sabemos que o processo que permitirá à Ucrânia aderir à União Europeia na realidade pode levar décadas“, disse.

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz (E), fala com o presidente da França, Emmanuel Macron, no início da segunda sessão plenária da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no centro de congressos Ifema em Madri, 29 de junho de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 29.08.2022

Assim, em junho foi concedido à Ucrânia o status de país candidato à União Europeia, mas o gesto apenas teve um caráter propagandista, já que, mesmo em um futuro longínquo, a perspectiva de ingresso da Ucrânia no bloco parece quase impossível, inclusive devido à discordância de certos países europeus. Mas isso importa apenas se lhes perguntarem. E se não?
É isso que afeta de forma direta os interesses da Rússia. Segundo o jornalista da Sputnik, a questão não é o futuro europeu, a forma do seu governo (federal ou unitário) ou até o grau de autonomia dos Estados nacionais. Até não se trata das tentativas de construir uma nova “Cortina de Ferro” separando a UE da Rússia.
Trata-se de um processo muito mais alarmante: a tentativa da União Europeia de mudar as fronteiras históricas entre ela e o “mundo russo”.
O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, responde a perguntas da mídia durante coletiva de imprensa em metrô de Kiev sob praça central, na Ucrânia, em 23 de abril de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 22.08.2022

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