Pluto dobra a esquina e para junto à calçada para o embarque. Sua porta elétrica abre, a pessoa entra, ocupa um dos seis bancos e a van parte silenciosamente. O passageiro pode relaxar com o ar-condicionado, vendo a paisagem da cidade que desfila pelos amplos vidros, trabalhar usando o Wi-Fi a bordo ou esticar as pernas (36 centímetros de espaço) e lutar contra o sono no assento confortável. O motorista, ou um substituto eletrônico quando o condutor não estiver mais ao volante, vai acordá-lo no destino.
O serviço é operado pela Moia, empresa criada pelo Grupo Volkswagen que estreou em outubro de 2017 na cidade alemã de Hannover. Era um projeto-piloto de ridepooling, ou corrida compartilhada, mas pode chamar de lotação. Hoje opera também em Hamburgo e, desde janeiro, passou a fazer parte do sistema público de transporte de Hannover.
O conceito do Moia é muito simples: atender passageiros mais ou menos na mesma área que também compartilham um destino próximo. Grosso modo, o mesmo que era oferecido pelo Waze Carpool, suspenso pelo Google em setembro de 2022. A diferença para a carona paga oferecida por um dono de carro é que o Moia é um serviço com muito conforto e tecnologia explorado por uma empresa. Em tempo: Moia é palavra adaptada do hindu-sânscrito com significado próximo a “mágica”.
Vale começar apresentando o Pluto, baseado na van Crafter lançada em 2006 pela Volkswagen. Dez anos depois, o furgão de 6,8 metros recebeu a versão elétrica e-Crafter. É essa que circula nas ruas alemãs e ganhou o apelido. Parece o Pluto pra você? Segundo a Volkswagen, a van tem autonomia aproximada de 300 km e velocidade máxima de 90 km/h. Até 80% de sua bateria pode ser recarregada em cerca de meia hora.
No campo da conveniência, o veículo oferece seis assentos individuais para os passageiros, com luz de leitura e entrada USB. Até três assentos infantis podem ser fixados com Isofix. Sascha Meyer, diretor executivo da Moia, afirma que dos 565 Plutos elétricos circulando em Hamburgo e Hannover, essa segunda cidade tem 15 unidades com elevador na traseira a fim de atender cadeirantes.
Para obter uma viagem, a pessoa deve acionar um aplicativo no celular. As solicitações são combinadas por algoritmo, os pontos de embarque virtuais (mais de 15 mil) e os destinos e as rotas são agrupados. O usuário tem acesso à hora de chegada e ao custo da viagem no aplicativo.
Na sala de controle, no enorme pátio de Plutos em Hamburgo, um monitor exibe pontos verdes. Cada um equivale a um veículo; muitos se deslocam, alguns estão parados – pausa do motorista para um café. Em paralelo à inteligência artificial, esse monitoramento ajuda a evitar a concentração de veículos em determinada área. Sascha Meyer afirma que também é possível bloquear uma região onde haverá um evento público. Por exemplo, uma maratona que leve à interdição de ruas e avenidas.
Como em uma viagem por carro de aplicativo no Brasil, o custo é debitado no cartão de crédito do passageiro. Segundo o executivo da Moia, a tarifa fica entre o transporte público e os táxis. Mas isso varia com a demanda, a distância, a hora e o dia da semana.
A Moia planeja expandir o atendimento para 15 cidades da região em 2025, ano para o qual está programada a grande mudança no serviço. Os Plutos serão substituídos pelo ID.Buzz de deslocamento autônomo. Christian Buhlmann, chefe de comunicações da área de veículos comerciais da Volkswagen, conta que a empresa está financiando parte dos veículos, avançando “passo a passo, provando que modelo pode funcionar”.
Esse modelo, explica o executivo, significa preparar os motoristas para novas funções à medida em que as Kombi elétricas autônomas entrarem em operação. Os testes estão em fase inicial, segundo Buhlmann “em lugares seguros, para transmitir confiança”. Ele afirma ainda que o custo das viagens deve cair e que a movimentação das vans autônomas “não exige infraestrutura”.
Segundo a municipalidade de Hamburgo, mais de 50 mil pessoas usaram o serviço da Moia desde agosto de 2018. A empresa e a Volkswagen têm ambição de transformar a cidade no que Buhlmann chamou de “campo de provas para mobilidade autônoma”. Em dois anos, vamos saber como as pessoas vão encarar a simpática Kombi elétrica dobrando a esquina, sem motorista.
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Fonte: direitonews