Artigo publicado por pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), na Revista Ciência e Saúde Coletiva, mostra o excesso de óbitos entre os anos de 2020 e 2021, período da pandemia da Covid-19. O estudo é fruto de projeto de pesquisa da Universidade que busca avaliar o impacto da doença na mortalidade geral no estado, e contribuir para o Sistema de Informação em Saúde.
A pesquisa, publicada em uma revista de referência na área de Saúde Coletiva, considerou a diferença de óbitos ocorridos em relação ao número de óbitos esperados para um período. Levou em conta também os óbitos registrados em Mato Grosso entre os anos de 2015 e 2019 para analisar os óbitos esperados para os anos de 2020 e 2021.
Entre os resultados levantados, a docente do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da UFMT, Ligia Regina de Oliveira conta que o número de óbitos registrados oficialmente em 2020 superou 27% das mortes esperadas para o ano, e que as estimativas são maiores na capital do estado, nas faixas etárias mais altas, entre os meses de julho e setembro.
“Já em 2021, o excesso de óbitos ocorreu em números ainda mais expressivos, sendo aproximadamente 55% maior do que o esperado no estado e interior, e 81% maior na capital, com destaque para as faixas etárias mais jovens”, destaca a docente, chamando atenção para os diferentes perfis demográficos de excesso de óbitos e padrões distintos no estado, sugerindo desigualdades que podem ter impactado em diferentes riscos.
Integração para entrega de resultados à sociedade
Como resultado de uma integração entre pesquisadores da UFMT, Ligia Regina de Oliveira explica que no período de pandemia da Covid-19, todos os esforços eram necessários para compreensão do comportamento da doença e previsão dos impactos sobre a sociedade.
“Nesse período as iniciativas individuais acabaram resultando em um grupo multidisciplinar na UFMT que se uniu em torno de um projeto de extensão para ações de análise e divulgação do contexto da pandemia em Mato Grosso. O grupo estava composto por docentes do ISC, do Departamento de Geografia e de Matemática, além da participação de discentes do Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva do ISC e de Graduação em Estatística da UFMT”, ressalta.
A docente conta ainda que a partir desta parceria, nasce o projeto de pesquisa “ Análise das condições pós-covid entre mato-grossenses: informação para ação pelo Sistema de Informação em Saúde”. “O grupo continua estudando os impactos da Covid-19 na saúde da população, com outros estudos sendo publicados em revistas científicas, como o artigo Óbitos por condições de saúde posteriores à COVID-19 no Brasil”, explica.
Ligia Regina de Oliveira conta ainda que atualmente alunos de graduação e pós-graduação estão desenvolvendo seus projetos de pesquisa no tema. “Temos em andamento estudo sobre condições posteriores a covid-19 (ou covid longa) até um ano após a alta hospitalar, e estudos que consideram o impacto da pandemia na mortalidade materna e violência”, finaliza a docente.
Da UFMT, também compõem o grupo de pesquisa as professoras do ISC, Amanda Cristina de Souza Andrade e Francine Nesello Melanda e do Departamento de Geografia, professor Emerson Soares. Da Universidade do Estado de Mato (Unemat), a professora Ana Claudia Terças Tretell, e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a professora Alexandra Boing.
Acesse a íntegra do Artigo -Excesso de óbitos durante a pandemia da Covid-19 em Mato Grosso.
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Fonte: ufmt