Empaer renova parceria para pesquisa que avalia uso de resíduo industrial de gelatina como fertilizante para pastagens


Lodo transformado em fertilizante pode ser usado para o cultivo do capim Marandu.

A Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) firma novamente parceria com a empresa PB Leiner Brasil para dar continuidade no desenvolvimento do projeto de pesquisa sobre o uso de resíduo industrial na agricultura familiar. Desde 2019, pesquisadores avaliaram o resíduo e obtiveram resultados satisfatórios transformando o lodo industrial em um fertilizante que pode ser utilizado para o cultivo do Capim Marandu. O novo contrato prevê o trabalho conjunto pelos próximos dois anos.

A empresa PB Leiner no Brasil produz gelatina (peptídeos de colágeno), fica localizada no município de Acorizal (62 km ao Norte de Cuiabá) e atende o mercado nacional e internacional (Estados Unidos, Europa, Austrália e outros), sendo um dos líderes mundiais no mercado de gelatina e colágeno hidrolisado. A matéria prima utilizada é advinda do couro bovino, e durante o processo de tratamento dos efluentes industriais são gerados resíduos denominados lodo biológico e lodo primário/DAF (Dissolved Air Flotation). O trabalho de pesquisa da Empaer já mostrou a viabilidade do uso do resíduo como fonte de fertilizante orgânico para a agricultura familiar.


Resíduo industrial usado comno adubo orgânico na agricultura familiar.

A gerente de Utilidade e Meio Ambiente da PB, Maybe Lopes Gonçalves, esclarece que o trabalho de pesquisa da Empaer é promissor no sentido de assegurar que a utilização deste resíduo com o potencial fertilizante orgânico é sustentável e seguro para agricultura e meio ambiente, pois favorece a recuperação de solos degradados, promove o desenvolvimento da agropecuária local, beneficia a nutrição de forrageiras e melhora as condições físicas, químicas e biológicas do solo.

O pesquisador da Empaer e Doutor em Agricultura Tropical, Wininton Mendes da Silva, fala que na primeira fase do projeto o objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho agronômico do capim e das características químicas do solo, mediante a aplicação de doses de resíduos industriais gerados pela indústria de gelatinas. Ficou comprovado que o lodo é rico em macronutrientes como Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S), elementos importantes para o desenvolvimento da planta. “Com base nos resultados obtidos até o momento, verifica-se que o uso de lodo como fertilizante para a cultura do Capim Marandu é promissor, uma vez que promove aumento na produção de matéria seca e melhora a composição bromatológica da forrageira, por aumentar o teor de proteína bruta e diminuir os teores de fibras em detergente neutro, além de melhorar significativamente as condições físico-químicas do solo, promovendo maior desenvolvimento radicular das plantas e estoque de carbono no solo em curto e médio prazo”, explica.

Os experimentos estão sendo executados no Campo Experimental e de Produção da Empaer, localizado em Acorizal, próximo às instalações da indústria. Ainda comprovaram que os teores de proteína bruta indicam que o efeito do uso do lodo permite que o capim produza alimento de melhor valor nutricional para os animais. Além disso, demonstraram que o conjunto que os resíduos orgânicos melhoram os atributos químicos do solo e aumentam a produção de forragem em relação à adubação mineral.

“Comprovado que é rico em nutrientes e traz benefícios à produção rural, isso é fato. Nossa expectativa é que o lodo possa contribuir com a redução de custos com a compra de adubo químico e por consequência, aumentar a produtividade nas unidades de produção da agricultura familiar. Para dar total garantia da eficiência para os produtores rurais, estamos começando numa área de cinco mil metros quadrados novos experimentos que vão servir como um monitoramento do uso do resíduo, com avaliação do seu impacto ambiental. O monitoramento do solo por médio ou longo prazo se faz necessário, visando entender a capacidade de suporte do mesmo à aplicação dos nutrientes pelos resíduos estudados”, enfatiza.

O projeto de pesquisa entra na segunda fase e serão testadas no campo dosagens variando de cinco a 80 toneladas de lodo por hectare, para avaliar a dose de máxima eficiência para o uso do fertilizante.  O pesquisador da Empaer, Eduardo Ferreira, destaca que foi feito um levantamento aéreo no entorno da empresa PB Leiner, num raio de 10 quilômetros,  quando constataram que possui uma área de 30 mil hectares de pastagem que estariam aptas para receber os resíduos industriais. “Após a conclusão dessa fase, o lodo poderá ser utilizado pelos produtores rurais interessados, os quais receberão acompanhamento técnico da Empaer para obtenção de melhores resultados no campo”, destaca.

Os experimentos estão sendo executados no Campo Experimental e de Produção da Empaer.

O trabalho de pesquisa é realizado também em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Mato Grosso (Fundaper), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema-MT).

Fonte: mt.gov

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