“A Batalha de Stalingrado foi uma das mais importantes da Segunda Guerra Mundial, não só pela vitória militar, mas pela vitória política que a União Soviética submeteu à Alemanha, invencível até então”, destaca o pesquisador.
“Aquilo [a vitória soviética] proporcionou uma vitória da propaganda soviética para o seu povo também, de que valia a pena resistir. Porque até então eram só amarguras, derrotas e uma penetração quase que inevitável das forças fascistas. E naquele momento o Exército Vermelho diz: ‘Não, a partir de hoje não haverá mais vitória nazista no leste'”, diz o pesquisador.
“A Batalha de Stalingrado foi importantíssima não só para a URSS, não só para os soviéticos, mas para todo o contexto antifascista. Não haveria uma vitória em 1945 se não houvesse uma vitória em 1943, em Stalingrado”, destaca o pesquisador.
Os múltiplos interesses de Hitler no território russo
“Desde que o Partido Nazista de Adolf Hitler assumiu o poder, tinha como uma das suas principais direções políticas a expansão da Alemanha para o leste, principalmente em direção à União Soviética.”
“A União Soviética tinha uma grande quantidade de reserva de recursos naturais que estavam começando a ser explorados naquele período e que eram fundamentais para a indústria moderna. Tinha petróleo, zinco, níquel, boa parte dos recursos minerais que eram necessários para a máquina de guerra nazista e para as indústrias alemãs. Então para a Alemanha era fundamental ter o controle desses recursos para ter os suprimentos necessários para manter tanto a economia de guerra quanto a economia civil funcionando.”
“Ela tem de se reerguer, porque teve quase que metade do país devastado. E o que vai garantir o avanço soviético nas áreas da tecnologia, ciência, fármacos, fertilizantes, toda essa economia voltada para o bem-estar do povo, é o Exército Vermelho. Porque a Guerra Fria vai intimar um processo imperialista mais violento, agora com armas nucleares, com exércitos mais poderosos. Então a URSS vai precisar se valer desse momento para ter um exército poderoso, para que ela possa garantir as suas fronteiras”, destaca Pitillo.
A tentativa do Ocidente de apagar o feito soviético em Stalingrado
“Após a Segunda Guerra Mundial, o ambiente de concórdia que foi gerado entre a URSS e os países imperialistas, isso se desfez. Toda aquela aliança que houve para derrotar Hitler se desfez. Aqueles países que homenagearam a URSS pela vitória em Kursk, Stalingrado, Moscou, Leningrado, eles esqueceram isso por completo, e passaram a tratar a URSS como inimiga.”
“A União Soviética, quando sai da Segunda Guerra Mundial, já está diante de uma Guerra Fria. E os dois principais vencedores do conflito da Segunda Guerra Mundial, na prática, foram os Estados Unidos e a União Soviética.”
“Para isso era necessário, em um primeiro momento, comparar a União Soviética com a Alemanha nazista, o que foi feito durante muito tempo. Em um segundo momento, já no fim da Guerra Fria, também houve uma tentativa de diminuir o papel militar e político que a União Soviética teve na coalizão aliada na Segunda Guerra Mundial para derrotar a Alemanha nazista.”
“Eles já tinham o ‘know-how’ nos filmes ‘Rambo’, ‘Braddock’; todos eles viviam lutando contra a URSS, e sempre ganhando. Eles reescreviam a história a ponto de ganhar a guerra no Vietnã. Todas essas loucuras deles. E esse processo vai se tornar cada vez mais virulento. E vai se criar uma russofobia”, diz Pitillo.
“Isso está muito presente hoje, de uma maneira ainda mais radical, não só com a reabilitação de figuras que no passado foram colaboracionistas da Alemanha nazista e que, em alguma medida, foram reabilitadas hoje como heróis, mas que cometeram uma série de crimes dentro do Leste Europeu. Uma delas o Stepan Bandera, que é o herói do nacionalismo ucraniano, que é um criminoso de guerra“, alerta Pereira.
“É algo seríssimo, que merece uma grande atenção por parte dos historiadores. Porque não se pode dissociar esse revisionismo histórico que nós observamos do reaparecimento do fascismo, seja em solo europeu, seja em nível internacional.”
Fonte: sputniknewsbrasil