“Existe uma percepção no Itamaraty e em outras áreas do governo brasileiro, não apenas da era Lula, de que nós temos poucos recursos de hard power (capacidade de fazer com que os outros façam e sigam seus interesses, de obrigar e impor ao outro). O Brasil não tem essa capacidade; por mais que as nossas Forças Armadas tenham sua reputação no cenário internacional, a gente não tem esses recursos. Diferentemente de China, Índia e Rússia, que estão no BRICS e têm um arsenal e uma série de recursos de hard power, o Brasil, infelizmente ou felizmente, não os tem.”
Carnaval é muito mais do que um cartão de visitas
“Quando a gente vê os palcos mais institucionalizados, como os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo, que são televisionados para o Brasil inteiro, a gente percebe que existe ali, além da questão identitária, uma zona para o exercício político. Se analisar o Carnaval dos últimos anos, você vai ver que pautas muito importantes nacionais e internacionais estão presentes. Então há duas formas de olhar para isso: pensar como o governo pode usar o Carnaval como cartão de visita, como forma de projetar o Brasil, mas também pode ter a análise do Carnaval influenciando esse olhar internacional a partir das pautas que estão sendo discutidas no Carnaval“, destaca Cappucci.
Carnaval pauta a política
“[O que acontece no Sambódromo] tem uma repercussão internacional muito forte. O Brasil pode tranquilamente utilizar o Carnaval como soft power, para tratar de assuntos bastante difíceis e bastante polêmicos, como a questão do racismo”, aponta Cappucci, mencionando o enredo da Unidos do Viradouro de 2023, que trata sobre a primeira mulher negra a publicar um livro no Brasil, Rosa Maria Egipcíaca. “Eu acho que a gente vai voltar a praticar isso. Ter a possibilidade da cultura como instrumento da diplomacia cultural.”
Fonte: sputniknewsbrasil