Via @portalg1 | O Ministério Público de Goiás (MP-GO) denunciou seis policiais militares por sequestrar e torturar mulher durante uma abordagem no Bairro Boa Vista, em Goiânia. Segundo o órgão, o caso aconteceu em janeiro deste ano após a vítima não se render a exigência de entregar R$ 50 mil e drogas para os policiais.
Foram denunciados pela 84ª Promotoria de Justiça de Goiânia e pelo Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial (NCAP) do MPGO o 2º sargento Márcio Junqueira da Silva, os cabos Gabriel Vinícius Lourenço Freitas e Celimar dos Santos Ferreira e os soldados Guilherme Carrijo Alvarenga, Lúcio Monsef Ferreira e Iago Henrique Costa Silva. Eles estão atualmente recolhidos no Batalhão Anhanguera.
O g1 questiou o MP sobre o resultado de uma audiência de qualificação promovida pelo Juízo da Auditoria Militar que estava prevista para a útima quarta-feira (8), mas não teve retorno até a última atualização dessa reportagem.
Márcio da Silva, Gabriel Freitas, Guilherme Alvarenga e Lúcio Ferreira foram denunciados por sequestro ou cárcere privado e extorsão, tortura confissão e associação criminosa com causa de aumento de pena.
Já os réus Celimar Ferreira e Iago Henrique Silva foram denunciados por estes crimes e também por tráfico de drogas, inovação artificiosa, e falsidade ideológica e falso testemunho ou falsa perícia.
Ao g1, a Polícia Militar disse que adotou todas as providências cabíveis, colabora com a Justiça e acompanha a tramitação processual do caso. A corporação reitera que não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta e está à disposição da Justiça.
A investigação começou quando a mulher procurou o Ministério Público de Goiás (MP) e a Corregedoria da PM para denunciar os militares. Ela relatou em depoimento à Corregedoria da corporação que eles colocaram um pano no rosto dela e depois jogaram água para sufocá-la.
“Continuou a ser agredida e submetida a afogamentos, utilizando os policiais de galões cheios de água, que já se encontravam no local, um pedaço de pano, que foi colocado sobre o rosto da ofendida, enquanto derramavam a água em cima”, narra trecho do processo judicial.
Tortura e sequestro
Em depoimento ao MPGO, a vítima disse que no dia 7 de janeiro deste ano, por volta das 20h, dirigia seu carro, acompanhada pelo seu companheiro e um casal de amigos com filho pequeno quando houve a abordagem.
Ela conta que durante o deslocamento, próximo a um supermercado, seu carro foi abordado por um veículo descaracterizado, de cor branca, em que os ocupantes desembarcaram e se identificaram como policiais militares.
A vítima informou que, posteriormente, chegou no local um outro veículo, também descaracterizado e ocupado por outros homens, os quais, igualmente, se identificaram como policiais militares, não estando nenhum deles fardados.
Eles foram identificados como sendo Guilherme Carrijo Alvarenga, Lúcio Monsef Ferreira, Gabriel Vinícius Lourenço Freitas e Márcio Junqueira da Silva. A vítima disse ainda que, com o último veículo, chegou também ao local uma viatura Renault Duster caracterizada, ocupada por Celimar dos Santos Ferreira e Iago Henrique Costa.
Ela conta ainda que durante a abordagem, os policiais exigiram a entrega de R$ 50 mil e uma determinada quantidade de crack. Quando ela respondeu que não possuía esses itens, os policiais, mesmo sem nenhum indício da existência de crime, a retiveram e a levaram, junto com todos os demais ocupantes do carro, a um posto de combustível.
A mulher foi conduzida na “gaiola” da viatura caracterizada, conduzida pelos policiais Celimar Ferreira e Iago Silva. Os demais foram levados nas viaturas descaracterizadas e o veículo da vítima foi conduzido por um dos policiais militares sem farda e deixado na área do posto.
Em seguida, todos foram levados para uma área isolada no Bairro Boa Vista, no final da Avenida Goiás Norte, onde os veículos entraram em uma estrada de terra e se dirigiram até uma clareira, localizada em uma área de mata fechada. Lá, a vítima relata que foi separada do grupo e submetida a agressões e tortura.
Por volta das 21h30, todos deixaram a área de mata e deram mais algumas voltas pela cidade, retornando ao posto de combustíveis. No entanto, o companheiro da vítima permaneceu retido na viatura caracterizada, com os militares Celimar Ferreira e Iago Silva, que o levaram até o estacionamento de um estabelecimento comercial.
No local, forjaram um flagrante e o conduziram à Central de Flagrantes com pretexto de que teria sido regularmente capturado e preso em flagrante pela prática do crime de tráfico de drogas.
No Registro de Atendimento Integrado (RAI) da ocorrência, Celimar e Iago inseriram declarações falsas dando conta que o companheiro da vítima teria sido abordado sozinho, por volta das 23h, após suspeição, e com ela localizadas as drogas e demais petrechos. No entanto, tal versão demonstrou ser absolutamente inverídica, tendo em vista o extrato de georreferenciamento da viatura.
Fonte: g1.globo.com