Há quase dez anos a Volkswagen encerrou a produção da Kombi no Brasil. A veterana é um dos modelos mais longevos da nossa indústria — e também um dos queridinhos de quem precisa de um veículo de trabalho confiável e relativamente barato.
Tanto que, quando uma aparece no estoque de alguma loja especializada em veículos comerciais, não costuma ficar muito tempo até ser vendida.
“Quando aparece uma Kombi, fica 10 dias, no máximo até vender”, conta Francisco Cassettari, vendedor da ABC Utilitários, loja especializada de São Bernardo do Campo (SP). O discurso é o mesmo de outros comerciantes ouvidos por Autoesporte.
Eles contam que, apesar de não haver Kombi zero-km há quase uma década, nenhum outro modelo conseguiu ocupar o lugar da velha van da Volkswagen como veículo comercial de entrada. “Expert e Jumpy até pegaram parte da clientela. Mas não dá pra dizer que substituíram, já que tem motor a diesel e são muito mais caras“, conta Olien Mafra, da loja Senador Veículos, de Curitiba.
Atualmente, uma Kombi furgão 2013 pode ser encontrada na faixa de R$ 45 mil. O valor vai caindo conforme a idade dos exemplares vai aumentando.
“A Kombi há um tempo não era tão boa de venda porque não era competitiva. Havia melhores opções a diesel, como Kia Bongo e Hyundai HR. Como esses veículos ficaram mais caros de uns três anos para cá, hoje a Kombi voltou a ter mais procura”, completa Cassettari.
Como comparação, a dupla de furgões coreanos citada pelo comerciante raramente é encontrada por menos de R$ 60 mil — considerando exemplares com cerca de 15 anos de uso.
O problema é que os estoques de Kombi das lojas são cada vez menores. Na Senador Veículos, por exemplo, aparecem de um a dois exemplares por mês. “A disponibilidade de Kombis boas é pequena. Vão passando os anos e elas vão ficando cada vez mais raras. De 2019 para cá, temos observado uma escassez”, conta Mafra.
De acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), atualmente estão registradas no país cerca de 980 mil unidades da Kombi, em todas as versões, motorizações e modelos. O número é bastante expressivo, principalmente ao considerarmos que é um utilitário que deixou de ser produzido há quase 10 anos.
Porém, é preciso considerar que uma parcela considerável está longe do estado de conservação ideal. Quem nunca viu uma Kombi em estado lastimável rodando por aí? Além disso, quem tem dificilmente troca.
Jeferson Santana Araujo é dono de uma empresa de carretos e transportes e roda com uma Kombi 1987 versão picape pelas ruas de São Paulo. A cidade, aliás, é a que reúne a maior frota de Kombi do Brasil, com pouco menos de 150 mil registros.
E por mais que algumas estejam à venda por valores exorbitantes, passando de R$ 150 mil, a maioria é como a de Araujo, um instrumento de trabalho com preço baixo – R$ 12 mil, no caso do empresário.
O baixo custo de compra, a enorme disponibilidade de peças e a facilidade de manutenção são os fatores mais citados por quem tem esse tipo de veículo.
Mas há quem acredite que o “reinado” de dinossauros como a Kombi esteja no fim. Para Enilson Sales, presidente da Fenauto, associação que reúne quase 50 mil lojas do Brasil, a participação nas vendas de usados tende a cair.
Os números nas vendas comprovam a teoria. O modelo sequer aparece entre os dez comerciais leves usados mais vendidos do Brasil em fevereiro. Isso significa que menos de 3,1 mil exemplares foram comercializados no mês.
Na hora de adquirir um utilitário, a atenção com as condições do veículo deve ser ainda maior. Para Enilson Sales, da Fenauto, três pontos exigem maior cuidado.
JSA Fretes
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Fonte: direitonews