Einstein tem a melhor avaliação em ASG na América Latina pela S&P


A adoção de melhores práticas ambientais, sociais e de governança é um caminho irreversível para empresas e organizações em todo o mundo. No sistema de saúde, que precisa lidar diretamente com o efeito das mudanças climáticas sobre as populações, a necessidade de fomentar iniciativas ligadas à redução de emissões e à promoção da equidade em saúde se mostra ainda mais urgente.

Mas como saber se os esforços de hoje serão, de fato, suficientes? Para isso, um olhar externo sobre os compromissos adotados é uma ferramenta importante. Foi o que a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein buscou ao decidir submeter as suas práticas de ASG (ambiental, social e governança) à avaliação da S&P Global Rating, em 2022. Esse tipo de avaliação é comum entre empresas de capital aberto, mas não entre instituições sem fins lucrativos. O movimento do Einstein pode estimular a melhoria das práticas ASG no setor de saúde.

“A decisão de contratar uma consultoria para avaliar o nosso desempenho se baseou no desejo de entender como estamos e onde podemos melhorar, para planejarmos os próximos passos”, explica o presidente do Einstein, Sidney Klajner. “A estratégia de ASG do Einstein tem como objetivo genuíno transformar a saúde no Brasil.”

A pontuação alcançada, de 76/100, mostra o Einstein entre as três melhores organizações do mundo na cadeia de saúde (entre hospitais, empresas de equipamentos e insumos e farmacêuticas), na comparação com outras análises públicas feitas pela S&P. Também é a instituição mais bem posicionada na América Latina quando comparada a empresas de todos os setores.

Impacto social

Segundo o relatório, as atividades do Einstein são direcionadas pela missão de prover serviços por meio da alta qualidade, segurança e inovação em assistência, expandindo o acesso à saúde a populações e comunidades vulneráveis. Isso se traduz na promoção de maior equidade em saúde.

“Desenvolvemos ações e projetos voltados à melhoria da gestão, do diagnóstico e do tratamento na saúde pública e privada, temos um modelo de governança sólido, que é levado a todas as nossas unidades, e contribuímos significativamente para a melhoria dos resultados de saúde das comunidades em que atuamos”, afirma Henrique Neves, diretor geral do Einstein. “Nosso compromisso é com a equidade em saúde e estamos fazendo isso por meio de diversas iniciativas, como avaliou o relatório.”

A consultoria internacional destaca a missão social do Einstein integrada a suas atividades privadas, incluindo a “extensão dos serviços de alta qualidade” aos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde). “O Einstein redesenhou seu sistema de gestão de saúde para integrar os mesmos padrões oferecidos tanto em suas unidades públicas como privadas”, ressalta o relatório.

A organização faz a gestão de três hospitais públicos no Brasil – o Hospital Municipal Vila Santa Catarina – Dr. Gilson de Cássia Marques de Carvalho e o Hospital Municipal M’Boi Mirim – Dr. Moysés Deutsch, em São Paulo, e o Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia, em Goiás –, além de outras 26 unidades públicas como UBS (Unidades Básicas de Saúde) e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) na capital paulista. Os números da atuação do Einstein no sistema público superam hoje os do sistema privado em serviços como partos, consultas, pronto atendimentos e atendimentos domiciliares.

“O Einstein acompanha de perto as métricas de satisfação dos pacientes por seus diferentes serviços de saúde. Essas médias foram de 80% em instalações privadas e 84% em instalações públicas, o que é superior às dos seus pares locais”, observa a S&P. A promoção do acesso à saúde de qualidade também se dá no desenvolvimento de projetos voltados à melhoria da gestão, ao diagnóstico e ao tratamento em saúde pública por meio do PROADI-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS). Desde 2009, mais de cem projetos foram executados pelo Einstein, com dispêndio de cerca de R$ 3 bilhões.

O compromisso social da organização, no entanto, vai além da assistência à saúde. Desde 1998, o Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis, liderado pelo Voluntariado, promove projetos não só de saúde, mas também de educação, esportes, artes, serviço social e capacitação profissional para ajudar a reduzir vulnerabilidades socioeconômicas na comunidade. Neste período, já foram realizados mais de seis milhões de atendimentos.

Quando o tema é diversidade, o relatório menciona que o Einstein revela “métricas que não são amplamente divulgadas na indústria”, como as raciais, de pessoas com deficiência e de desigualdades salariais entre homens e mulheres.

Na área de gestão de segurança, a S&P avalia que a atuação do Einstein é abrangente e “se espelha nas melhores práticas internacionais”. A organização foi a primeira fora dos Estados Unidos a ser acreditada, em 1999, pela Joint Commission International, que atesta processos de qualidade e de segurança em saúde.

(Arte/Exame)

Padrão internacional

Nos três pilares, a meta do Einstein é alcançar e até mesmo superar standards globais. “Nosso objetivo é olhar especialmente para as experiências fora do país, como a da Europa, onde as altas pontuações nesse tipo de avaliação mostram um maior compromisso com ações ASG, e seguir esse padrão”, afirma Klajner.

Em muitos aspectos, o que o Einstein faz hoje em ASG só encontra equivalência em padrões internacionais. O relatório evidencia que as metas de redução de gases de efeito estufa e o plano de mitigação estabelecidos pela organização são “mais avançados do que os de seus pares regionais”. “Em 2021, o Einstein aderiu à campanha da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre mudanças climáticas ‘Race to Zero’, comprometendo-se a reduzir 50% de suas emissões totais de gases de efeito estufa até 2030 — o que é mais ambicioso do que os pares globais —, e a neutralizá-las totalmente até 2050”, ressalta a S&P.

Por serem ações relativamente recentes, os esforços para neutralizar as emissões, contudo, são um desafio na jornada ASG da organização, observa o relatório. “O Einstein está trabalhando para mitigar suas emissões por meio da instalação de painéis solares, substituindo gás natural e diesel por alternativas como energia elétrica, etanol e biometano, e investindo em sistemas eficientes de refrigeração”, observa a S&P, acrescentando que é preciso ainda demonstrar uma melhoria nesse desempenho em toda a extensão da organização.

Segundo o diretor de Sustentabilidade e Responsabilidade Social do Einstein, Guilherme Schettino, “há um esforço muito grande em expandir as boas práticas e um forte engajamento de toda a organização para atingir a meta de neutralização de emissões”. “Entendemos que não há outro caminho a seguir”, diz.

A consultoria classifica que o Einstein tem uma gestão de descarte de resíduos mais forte que os padrões do setor de saúde e um desempenho no uso eficiente de água comparado a outras organizações globais.

“Os resíduos da organização destinados a aterros sanitários têm caído consistentemente nos últimos anos, representando 25% do total de resíduos em 2021, o que é significativamente menor do que o de seus pares regionais”, diz o relatório. “O Einstein recicla aproximadamente 30% de todos os resíduos gerados em suas instalações, o que é superior ao que é divulgado pelo setor globalmente, e 100% dos resíduos orgânicos são utilizados para compostagem.”

Em 2011, o Einstein criou a primeira versão do Plano Diretor de Sustentabilidade para orientar a adoção de compromissos de forma integrada à sua estratégia e aos seus objetivos. Dez anos depois, definiu uma cesta de sustentabilidade composta por 1.400 ações para atender 11 dos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) estabelecidos pela ONU.

No pilar de governança, a S&P classifica o código de conduta e os valores de Einstein como fortes e coerentes em toda a sua cadeia de valor, refletindo a missão social da organização. “A entidade tem um longo histórico de implementação efetiva de seu extenso código de conduta, que é aplicado a todos os funcionários e fornecedores, abrangendo tópicos-chave para o setor, como fraude, anticorrupção, conflito de interesses, (…) privacidade de dados e neutralidade política”, pontua a agência.

Uma oportunidade apontada pela S&P e que já foi abraçada pelo Einstein é o plano de envolver cada vez mais a cadeia de suprimentos da organização na busca das melhores práticas ASG. “É importante ter atenção não só às ações dos nossos parceiros em relação às emissões de gases do efeito estufa, ao descarte de resíduos e ao uso de materiais reciclados nas embalagens, por exemplo, mas também a práticas sociais e de governança sólidas e que caminhem na mesma direção que as nossas”, afirma Schettino.

Fonte: exame

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