Desde o começo da operação russa na Ucrânia, Tel Aviv vem sofrendo pressão norte-americana para cada vez mais apoiar o Estado ucraniano, e mesmo que o retorno de Bibi ao poder tenha ocorrido quando o conflito já estava em curso, em dezembro de 2022, o primeiro-ministro sinaliza que está mudado sua postura sobre Moscou.
De acordo com a NBC News, Netanyahu voltou ao poder em meio a expectativas de que ele colocaria Israel na direção da Rússia. Em vez disso, o premiê reforçou o apoio de seu país a Kiev sob pressão do aliado mais importante de Israel, os Estados Unidos.
O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, vem a meses pedindo defesa aérea a Tel Aviv e o ministro da Defesa, Dmitry Kuleba, também expôs as demandas de seu país quando se reuniu com chanceler israelense, Eli Cohen, em Kiev em 16 de fevereiro.
No final de janeiro, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, apontou para parceria entre Rússia e Irã, e exigiu explicitamente que Israel aumentasse seu apoio a Kiev, segundo a mídia.
“O aprofundamento dos laços de Teerã com Moscou e o armamento sofisticado que eles estão trocando para permitir a agressão um do outro estão entre as muitas razões pelas quais levantamos com Israel a importância de fornecer apoio para todas as necessidades da Ucrânia […]”, afirmou o secretário citado pela mídia.
Em seguida, no dia 1º de fevereiro, Netanyahu acenou positivamente pela primeira vez de que estaria considerando enviar equipamento militar à Ucrânia, quando em uma entrevista para CNN disse que estava “investigando” uma ação para enviar sistemas Cúpula de Ferro a Kiev.
Moscou logo se manifestou através de sua chancelaria e disse que o encaminhamento do material levaria a uma “escalada da crise”, conforme noticiado.
No dia 17 de fevereiro, a subsecretária de Estado para Assuntos Políticos dos EUA, Victoria Nuland, disse que daria o Prêmio Nobel a Netanyahu se ele usar sua influência para ajudar a pôr fim à operação militar da Rússia na Ucrânia, conforme noticiado.
No dia 21 do mesmo mês, dois legisladores israelenses, Zeev Elkin e Yuli Edelstein, se reuniram com Zelensky durante visita à capital ucraniana e disseram em declaração conjunta que Israel deve “deixar de ter medo e assumir uma posição ativa” em relação ao conflito, além de “ajudar a Ucrânia em todas as áreas onde as tecnologias israelenses, incluindo as militares, podem colaborar”.
Contudo, parece que Tel Aviv está esquecendo que na sua frente de segurança a Rússia tem sido parceira de Netanyahu na Síria. Por exemplo, um acordo com governo de Bashar al-Assad mediado por Moscou possibilitou que o Exército israelense realizasse ataques aéreos contra alvos ligados ao Irã na região.
“Estamos em uma situação muito diferente da Europa e dos EUA. Os primeiros-ministros israelenses sabem da relevância de um diálogo aberto com a Rússia quando se trata de nossa segurança nacional”, alertou o professor de ciências políticas Reuven Hazan, da Universidade Hebraica de Jerusalém, citado pela mídia.
Zvi Magen, que primeiro foi embaixador de Israel na Ucrânia e depois na Rússia na década de 1990, disse que se Tel Aviv desse armas à Ucrânia, especialmente aquelas que mudariam o equilíbrio do conflito, seria “entrar em guerra com Moscou”.
Israel também estaria preocupado com o impacto na comunidade judaica da Rússia, com 83.000 israelenses, se os laços forem cortados. Mas parece que a pressão norte-americana e a amizade entre Moscou e Teerã está mudando os rumos da prioridade da política israelense com o Kremlin.
Fonte: sputniknewsbrasil