“Todavia há uma relação de conflito geopolítico entre OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e Rússia, com algum apoio velado da China ao presidente [da Rússia, Vladimir] Putin. Se fizermos a leitura de que o conflito da Rússia contra os avanços da OTAN possa estar unindo interesses dos dois membros mais poderosos do BRICS (China e Rússia), é claro que a coalizão do BRICS se fortalece, pois a natureza do grupo é de contestação à ordem hegemônica“, observa.
“A Índia não está interessada em discutir ou apoiar quaisquer sanções adicionais contra a Rússia durante o G20”, disse um dos oficiais indianos presentes nas reuniões. “As sanções existentes contra a Rússia tiveram um impacto negativo no mundo.”
“A política externa brasileira é muito profissional e talvez tenha sido o maior foco dos ataques da extrema-direita no governo anterior. É preciso, todavia, que o núcleo duro do poder decisório nessa seara entenda que os cenários do início do século mudaram bastante e que o próprio papel do BRICS precisa ser repensado com cautela”, avalia Mros.
“As motivações desses candidatos ao grupo podem ser simplesmente a marginalidade deles no processo decisório das instituições de Breton Woods (o Banco Mundial tem sempre a direção de um norte-americano, e o FMI, de um europeu ocidental). É preciso saber se o que se propõe como mudanças sistêmicas será de fato efetivo em termos concretos”, opina.
“Há muitos cenários possíveis, inclusive de ampliação do conflito na Ucrânia ou de início de um outro entre EUA e China. Nas relações internacionais costuma-se chamar de paz os períodos em que não há conflito direto entre as grandes potências. A violência de muitos conflitos espalhados pelo planeta recebem menos atenção da grande mídia. Quando temos gigantes em rota de colisão, a história é diferente. O futuro do BRICS será ditado pela geopolítica clássica, embora a origem desse grupo em 2009 tenha sido a de buscar uma possível reforma econômica sistêmica.”
Fonte: sputniknewsbrasil