Conflito governo x BC ‘turbina’ alta do dólar na véspera do feriado


Ante um comportamento defensivo do mercado, às vésperas do Carnaval, em que investidores ainda avaliam a temperatura da relação entre governo e Banco Central (BC) – após o ‘silêncio’ sobre eventuais mudanças nas metas de inflação, durante a reunião, ontem (16) do Conselho Monetário Nacional (CMN) – o dólar apresenta viés de alta, nesta sexta-feira (17), com valorização de 0,17%, a R$ 5,2208 reais para venda, após bater o pico de R$ 5,2546, (alta de 0,82%), no início da sessão, marcada pela baixa liquidez.

A previsão do chefe de banking da EQI Investimentos, Alexandre Viotto, é de que “vamos entrar num período de feriado de dois dias no Brasil. Toda vez que isso acontece, os operadores costumam comprar moeda forte, montar uma posição forte, dado que pode acontecer alguma surpresa, enquanto os mercados estão fechados”.

No front externo, levando em conta o índice que compara o dólar a uma cesta composta por seis moedas fortes, a cotação da moeda ianque, ante o real, avançava 0,40%. Para o chefe do EQI, tal alta reflete temores de que o Federal Reserve (Fed) – banco central dos EUA – siga subindo os juros para conter a inflação crescente naquele país, sem contar a maior demanda por segurança no país, no período que antecede o feriado de momo.

Voltando a terras tupiniquins, a mídia continua abrindo espaço para destrinchar os contornos do conflito protagonizado pelo presidente Lula e a autoridade monetária, em que o mandatário se mantém determinado a ampliar a meta de inflação do ano, seguida da redução da taxa básica de juros (Selic), atualmente no proibitivo patamar de 13,75% ao ano.

De qualquer modo, a persistência do discurso presidencial – em favor de uma atuação mais efetiva do BC no controle da inflação e adoção de estímulos ao crescimento e à criação de empregos – é apontada por analistas de mercado como o fator de alavancagem das cotações do dólar.

Segundo Viotto, “quando a gente vê o governo usando os canais de comunicação para falar que tem que ter uma meta de inflação mais alta e uma taxa de juros mais baixa… isso faz o real se desvalorizar”, admitiu, ao acrescentar que “o que tem segurado o dólar é justamente o diferencial de juros que tem entre Brasil e outras economias concorrentes”.

Fonte: capitalist

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