Nem parece que as marcas chinesas chegaram ao Brasil apostando em carros baratos. Depois do lançamento do Caoa Chery Tiggo 8 Pro híbrido de R$ 279.990, a novata Great Wall Motors (GWM) lança o Haval H6 GT 2023. O SUV híbrido cupê tem porte de carro de sete lugares (mas leva cinco pessoas), é mais rápido que o Porsche Macan, faz até 27,5 km/l na estrada e tem um design bastante chamativo — até parece um SUV italiano aí. O preço ainda não foi anunciado, mas deve ser (bem) acima dos R$ 350 mil…
Talvez você, leitor, ainda não esteja familiarizado com a recém-chegada Great Wall Motors. A marca foi fundada na China em 1984, concentrando sua produção em pequenos caminhões e carros de passeio. O nome em inglês faz referência à Grande Muralha da China, uma das sete maravilhas do mundo – mas aqui no Brasil, a marca quer ser conhecida como GWM.
A GWM divide suas operações entre cinco submarcas, sendo que a Haval (pronuncia-se “rával”) a principal delas. Trata-se de uma marca totalmente voltada à produção de SUVs, como Jeep e Land Rover. As outras, Wey, Ora e Tank, também vão chegar ao Brasil, incluindo modelos nacionais produzidos em Iracemápolis (SP), na fábrica que pertencia a Mercedes-Benz.
Isso explica o fato do Haval H6 GT não ter o logotipo da GWM na grade frontal e na tampa do porta-malas. Cada carro da marca chinesa trará apenas o símbolo de sua submarca.
O Haval H6 GT tem 4,72 m de comprimento, 1,94 m de largura, 1,72 m de altura e 2,73 m de distância entre-eixos. Na comparação com o Caoa Chery Tiggo 8 Pro Plug-in Hybrid, o SUV da Great Wall é mais largo (+ 6 cm), mais baixo (- 2 cm) e mais generoso na distância entre-eixos (+ 2 cm). Seu porta-malas tem 517 litros de capacidade, enquanto o Tiggo 8 tem 650 litros (cinco lugares) e 150 litros (sete lugares).
A disposição da cabine é uma das melhores características do Haval H6. Mesmo com 1,84 m de altura, tenho espaço de sobra até para cruzar as pernas no banco traseiro. Apesar da queda acentuada da coluna “C”, que caracteriza o visual de cupê, o espaço para a cabeça é bom.
O túnel central é baixo, garantindo uma boa área para o apoio dos pés. Ouso dizer que uma pessoa de estatura mediana, na faixa dos 1,75 m de altura, pode se acomodar muito bem no centro do banco traseiro, que é uma região ingrata em qualquer carro. O Haval ainda tem saídas de ar-condicionado e entradas USB para recarregar celulares para quem vai atrás.
O acabamento impressiona. Na comparação com outros carros chineses de luxo (como o próprio Tiggo 8), o Haval H6 parece mais próximo dos SUVs europeus. O painel é totalmente emborrachado e tem inserções de couro, além de um acabamento diferenciado que lembra madeira queimada no console. A GWM buscou um visual mais minimalista, com apenas alguns botões para facilitar a navegação na central multimídia.
O pacote de equipamentos também inclui painel de instrumentos digital, central multimídia com Android Auto, Apple CarPlay e GPS nativo, carregador de celular por indução, sistema de som premium da JBL e teto solar panorâmico.
Na hora de me ajeitar para dirigir o Haval, percebo outra característica dos SUVs europeus. A posição do banco é baixa e me remeteu ao Audi Q3. O volante é grande e tem boa empunhadura.
O Haval H6 GT é um SUV híbrido plug-in com motor 1.5 turbo a combustão e dois propulsores elétricos. Combinados, os motores desenvolvem 393 cv de potência e 76 kgfm de torque. O câmbio automatizado é do tipo DHT de duas marchas com embreagem (para motor a combustão) e uma marcha com redução (motores elétricos).
A GWM diz que o motor a combustão nunca trabalha sozinho, mesmo na estrada. A unidade a gasolina sempre estará amparada pelos propulsores elétricos, e isso explica o desempenho brutal do Haval H6. A versão GT acelera de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos, mas o motorista terá que desligar o controle de estabilidade e tração e acionar o controle de largada para atingir a marca. Basta pisar no freio com o pé esquerdo, afundar o acelerador ao máximo e liberar o carro para a arrancada. De qualquer forma, o SUV chinês iguala carros da Porsche, como Cayenne e Macan.
Mesclando os motores, o consumo urbano é de 27,4 km/l. Na estrada, o Haval pode marcar até 25,2 km/l, igualando o Honda Civic. Ainda segundo a marca chinesa, o SUV pode rodar 170 km apenas na eletricidade por conta do conjunto de baterias de 34 kWh.
O acerto da suspensão (McPherson na dianteira, multilink na traseira) se mostra adequado para conter um carro com tanta força, mas como dirigi o Haval apenas dentro do Autódromo de Interlagos, não dá para cravar que o SUV faz um bom trabalho enfrentando as crateras do dia a dia. Isso ficará para outra ocasião.
As assistências ao motorista incluem controle de velocidade adaptativo, sistema de frenagem de emergência, assistente de tráfego cruzado e sensores de ponto-cego. O Haval ainda incorpora uma câmera para o reconhecimento facial do condutor, que registra o posicionamento do banco, modo de condução, temperatura do ar-condicionado e outros recursos de acordo com a individualidade de cada motorista. Até cinco rostos podem ser registrados.
Em carregadores do tipo AC, o Haval H6 GT leva em torno de cinco horas para carregar completamente a carga na bateria. Em unidades de recarga rápida do tipo DC, o SUV leva em torno de 20 minutos para ir de 10% a 80%.
Sem o preço, é difícil cravar se o Haval H6 GT é um bom negócio. Mas pelo nível de desempenho, requinte e tecnologia, é possível antecipar que este será um dos carros chineses mais caros do Brasil. Se custar perto dos R$ 300 mil, terá um bom posicionamento.
Segundo a GWM, as operações não estão limitadas por falta de microchips semicondutores ou baterias. A marca chinesa pretende lançar 10 carros nos próximos três anos no Brasil, incluindo modelos nacionais. Como diferenciais, a GMW vai apostar em pop-up stores, test-drive em shopping e na entrega do veículo na casa do cliente.
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Fonte: direitonews