A aproximação, no auge da crise. É o que propôs, ao vivo e em rede nacional, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, ao presidente Lula, durante participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite de ontem (13). Na oportunidade, o comandante da autarquia aproveitou para negar a versão – veiculada pela blogueira do G1, Ana Flor e repercutida por este site – de que tenha sugerido a ampliação da meta de inflação, embora tenha se mostrado disposto a fazer sugestões em relação a tal mecanismo de controle inflacionário.
“Acho que é importante dizer que nós não estudamos mudança de metas. Nós não entendemos que a meta é um instrumento de política monetária, (mas) existem, obviamente, aprimoramentos para se fazer”, admitiu Campos Neto, ao reafirmar sua negativa quanto à fantasiosa alegação já mencionada.
Ao contrário do que divulgou a jornalista do G1, o dirigente ‘faz coro’ à corrente de economistas, segundo a qual “uma simples flexibilização nas metas de inflação geraria efeito contrário, ampliando riscos, desancorando ainda mais as expectativas e forçando um endurecimento da política monetária”, fulminou.
“Em nenhum momento a gente defendeu simplesmente aumentar a meta no sentido de ganhar flexibilidade, mesmo porque não é nossa crença”, rebateu o comandante da moeda nacional, ao esclarecer que essa atribuição – mudança das metas de inflação – seria uma atribuição exclusiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no sentido fazer gestões para a alteração da regra junto ao Conselho Monetário Nacional (CMN).
Diante da ‘saraivada’ de críticas disparadas pelo mandatário petista, sobretudo no que toca ao patamar da taxa básica de juros (a Selic hoje está em 13,75% ao ano, o maior em sete anos), o dirigente da autarquia optou pelo tom apaziguador, ao afirmar ‘entender a pressa’ de Lula, mas acentuou que reduções da Selic ‘só surtem efeito prático’ sobre os demais juros no país, caso as decisões tenham ‘credibilidade’ [ou seja, ‘ecoem’ ou tenham a ‘concordância’ do mercado].
Ainda sobre o tópico política monetária, o presidente da autarquia ressaltou que “o Banco Central não gosta de juros altos, é óbvio que a gente quer fazer o melhor possível para ter o juro baixo, para ter o crescimento sustentável”, acrescentando que a agenda da instituição “é muito voltada para o social, pois a gente acredita que é possível fazer fiscal junto com bem-estar social, mas a gente acredita que é muito difícil ter bem-estar social com inflação descontrolada”.
Ao revelar que vem mantendo um canal aberto de diálogo com Haddad, Campos Neto estabeleceu como condição para o início do corte dos juros (a princípio, previsto para meados deste ano), a necessidade de ‘maior clareza’ em relação ao arcabouço fiscal do governo, assim como o avanço das reformas.
Fonte: capitalist