O ingresso delas em escolas no Brasil aconteceu em 1827, a partir da Lei Geral do antigo governo imperial. Nesse tempo, até os currículos escolares eram diferentes, para as meninas restava apenas saber ler, escrever e contar. Já em 1832, a obra “Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens”, da primeira educadora feminista brasileira, Nísia Floresta, coloca em pauta a importância das condições de igualdade entre homens e mulheres, iniciando a luta pelas conquistas desse lugar de respeito e direito.
Atualmente, elas representam cerca de 51,1% da população brasileira, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Como marco da necessidade da equidade dos direitos, desde 2015, o dia 11 de fevereiro é destinado às Mulheres e Meninas na Ciência. A data foi instituída na Assembleia Geral das Nações Unidas.
Foto: Willian Gomes / Secomm UFMT
Não tão distante dos números do IBGE, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), elas estão presentes em todas as áreas do conhecimento, sendo cerca de 51% nos cursos de graduação e 60% nas pós-graduações, além de projetos de extensão. Entre elas, a psicóloga na UFMT e doutoranda em Educação, Leihge Roselle Rondon, que acredita que a data é um momento de reflexão e luta. “ A importância em pensar as Mulheres e Meninas na Ciência é multifatorial, perpassa o compromisso político enquanto busca da equidade dos direitos na educação, incluindo a Educação Superior”, diz.
No mesmo ano de criação da data em alusão às Mulheres e Meninas na Ciência, o projeto Meninas Digitais MT, da UFMT, tem se mostrado com atuação fundamental para estimular a participação e engajamento feminino. Prova disso, é a estudante do sétimo semestre de Engenharia Química da Instituição, Maria Fernanda Abalém. “Faço parte dessa ação desde agosto de 2021, e já no início foi um combustível para a continuidade na graduação. Descobri uma outra parte da universidade e assim percebi a importância dos projetos. Têm surgido oportunidades para novas realizações acadêmicas e desenvolvimento em habilidades pessoais e interpessoais”, conta.
Foto: Willian Gomes / Secomm UFMT
Vozes, espaços e laços
Não apenas como uma data, a agenda 2030 da ONU se mostra com o compromisso de auxiliar na luta pelos direitos femininos. Sobre isso, a professora da UFMT e Coordenadora de Extensão, Esporte e Lazer nesta Universidade, Eunice Pereira dos Santos Nunes, ressalta a importância dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “O objetivo quatro diz respeito à Educação de qualidade que visa assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. E o objetivo cinco fala sobre Igualdade de gênero: alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”, destaca.
Já a recente autora da tese “Mulheres negras em Rede: Materialidades Discursivas no Facebook”, Mory Marcia de Oliveira Lobo, conta que é inegável o movimento de inserção de mulheres na ciência, ainda que sub-representadas em cenários e áreas sistematicamente ocupadas por homens. “Neste percurso, há enfrentamentos e resistências, traços expressivos da luta por espaços de poder, e que se mantém no contexto de um sistema que não foi construído e pensado para ela enquanto consumidora e produtora de conhecimento. A importância desse espaço de luta fortalece ainda mais as futuras gerações de meninas que desejam ser cientistas”, diz a pesquisadora, doutora pela UFMT e membro do projeto Meninas Digitais MT.
Foto: Willian Gomes / Secomm UFMT
Também como membro desse mesmo projeto, Eunice Pereira dos Santos Nunes, fala da relevância dessa ação na UFMT e no Estado. “Esse projeto desenvolve ações em prol da equidade de gênero nos cursos da área da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, da sigla em inglês “STEM”. O projeto também desenvolve ações na Educação Básica incluindo também o papel das humanidades no desenvolvimento científico”, destaca, complementando que há diversos atores participantes internos e externos.
“Com essas instituições parceiras estamos realizando desde o segundo semestre de 2022, oficinas com alunas e alunos do ensino básico, em quatro escolas em diferentes nos municípios de Cuiabá, Várzea Grande e Primavera do Leste. O projeto segue para o ano de 2023 com o empenho na construção de uma cartilha informativa desenvolvida sobre os cursos de graduação nos campos da Computação e Tecnologias”, conta, finalizando que há o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat) Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT).
Fonte: ufmt