O Panorama da Pequena Indústria (PPI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), registrou queda nos quatro indicadores que analisam a performance das micros e pequenas indústrias brasileiras, no último trimestre de 2022: desempenho, situação financeira, confiança e perspectiva. Apesar dessa retração, os indicadores se mantiveram acima da média histórica. Além disso, entre os principais problemas, nos últimos meses do ano passado, empresários relataram insatisfação com acesso ao crédito e com a taxa de juros.
O Índice de Desempenho fechou o quarto trimestre de 2022 com 44,3 pontos. Quando comparado com o mesmo período no ano anterior (47,4 pontos), o indicador apresenta uma redução de 3,1 pontos. A média histórica é 43,8 pontos.
“O recuo nos últimos três meses de 2022 é uma questão sazonal e, ainda assim, foi mais brando que o observado na média histórica do período. Essa queda ocorreu após um terceiro trimestre de desempenho positivo para a pequena indústria”, explica a analista de Políticas e Indústria da CNI, Paula Verlangeiro.
O levantamento da CNI mostra ainda mudança no ranking dos principais problemas das pequenas indústrias. Depois de quase dois anos, oscilando no top 3 de principais problemas, a falta ou alto custo de matéria-prima deixou de ser o principal incômodo. Nos últimos meses de 2022, os empresários reclamaram mais da elevada carga tributária e das taxas de juros. Outros desafios que se destacaram nesse período foram a demanda interna insuficiente, burocracia excessiva, competição desleal e dificuldades na logística de transporte.
Confira, a seguir, a análise do PPI feita pela Paula:
Empresários estão insatisfeitos com acesso ao crédito
O Índice de Situação Financeira apresentou uma queda bem pequena entre novembro e dezembro de 2022, de apenas 0,7 ponto, e fechou o ano com 43 pontos. Quando comparado com o mesmo trimestre de 2021, este ano apresentou um aumento de 1 ponto.
Mesmo assim, empresários dos três setores (construção, transformação e extrativa) relataram estar mais insatisfeitos do que antes com o acesso ao crédito. Para a CNI, o acesso ao crédito é fundamental para o desempenho das MPEs, seja para reestruturação ou para a expansão dos negócios.
“O cenário do mercado de crédito é desafiador, por conta, principalmente, do elevado nível da taxa de juros. Levando isso em consideração, é ainda mais importante que as micro e pequenas empresas busquem orientação adequada no momento de busca por financiamento ou empréstimo”, reforça o gerente de Política Econômica da CNI, Fábio Guerra.
“Conhecer bem as informações envolvidas nesse processo pode ser decisivo no sucesso da contratação do crédito e nas condições dessa contratação, em termos de taxa de juros, prazos, carências, garantias, entre outros pontos”, completa ele.
Micros e pequenas indústrias apontam falta de confiança no 3º tri de 2022
O indicador de confiança também apresentou queda no último trimestre do ano passado e registrou 48,8 pontos. É a primeira vez desde julho de 2020 que MPEs industriais relatam falta de confiança. Isso pode influenciar na tomada de decisão deles na hora de realizar investimentos e contratações futuras.
As perspectivas para os próximos meses também estão abaixo da linha de 50 pontos.
Sobre o Panorama da Pequena Indústria
O Panorama da Pequena Indústria elenca quatro indicadores: desempenho, situação financeira, perspectivas e índice de confiança. Todos os índices variam de 0 a 100 pontos. Quanto maior ele for, melhor é a performance do setor.
A composição dos índices leva em consideração itens como volume de produção, número de empregados, utilização da capacidade instalada, satisfação com o lucro operacional e situação financeira, facilidade de acesso ao crédito, expectativa de evolução da demanda e intenção de investimento e de contratações.
Além disso, a pesquisa também traz o ranking dos principais problemas enfrentados pelas MPEs em cada trimestre.
A pesquisa é divulgada trimestralmente com base na análise dos dados da pequena indústria levantados na Sondagem Industrial, na Sondagem Indústria da Construção e no ICEI. Todos os meses, as pesquisas ouvem cerca de 900 empresários de empresas de pequeno porte.
Fonte: portaldaindustria