O Brasil voltou a ocupar em 2024 o 8° lugar como país que mais produz automóveis no mundo, segundo a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Fato é que a indústria brasileira pode bater em breve as 2,5 milhões de unidades feitas no ano passado. Isso porque pelo menos seis fabricantes de automóveis já prometeram começar as suas produções por aqui.
Atualmente, sem considerar as marcas que irão chegar e levando em conta apenas a produção de automóveis e comerciais leves, 13 fabricantes operam no Brasil. No total, estamos falando de 25 linhas de montagem instaladas em 23 municípios de oito estados. Ao todo, 61 modelos diferentes são feitos no país.
Se todas as promessas forem cumpridas por BYD, GAC, Geely, GWM, Leapmotor e Omoda Jaecoo, o número irá subir para 31 linhas de montagem. E como você já deve ter percebido: todas são fabricantes chinesas.
A BYD será a primeira a começar a produzir no Brasil. A data de início de sua produção na fábrica de Camaçari (BA) havia sido marcada para 26 de junho de 2025 pelo vice-presidente sênior da operação no país, Alexandre Baldy, durante o evento de lançamento do novo Song Plus. No entanto, houve um novo atraso de quatro dias. Por isso, o novo planejamento é iniciar as operações no dia 1º de julho.
Não há mais detalhes sobre qual será o primeiro modelo montado no local, mas já se sabe que os dois produtos escolhidos para a primeira fase da produção nacional da BYD são o Dolphin Mini, que será o primeiro modelo elétrico montado em série no país, e o Song Pro, híbrido plug-in que deve ter o motor convertido para flex no processo.
Embora a produção da BYD em Camaçari comece em regimes SKD e CKD — quando kits e peças vêm prontos da China e são apenas montados e finalizados aqui —, a meta é aprimorar o nível de nacionalização até o fim de 2026. A planta terá capacidade de fabricar até 150 mil unidades ao ano, de até 12 modelos diferentes.
A chinesa GAC mal estreou no Brasil e logo já anunciou pretende iniciar a produção local. Em apuração conjunta de Autoesporte e AutoData, Wayne Wei, presidente da GAC International, confirmou que os primeiros veículos nacionais da empresa serão produzidos no final de 2026. Só não há definição do local onde isso vai ocorrer.
Isso porque o executivo não confirmou se a empresa pretende construir, comprar uma fábrica ou se vai firmar parceria com uma fabricante instalada no Brasil. No entanto, a marca já prometeu investir R$ 7,4 bilhões por aqui para produzir três carros.
Vale lembrar que, em visita oficial a China no início de maio, o presidente Lula se encontrou com a alta cúpula da GAC. Na ocasião, foi informado que a empresa passaria a utilizar as instalações da HPE, representante da Mitsubishi no Brasil e dona de uma fábrica em Catalão (GO).
Em relação aos carros, o site Brasil 247 afirmou que três modelos serão responsáveis por inaugurar a produção. São eles os elétricos Aion Y e Aion V, e o SUV híbrido GS4.
A Geely chegou ao Brasil por meio de uma sociedade com a Renault. Portanto, a marca francesa, com fábrica instalada em São José dos Pinhais (PR) e rede de concessionárias consolidada, é que vai atuar na produção e distribuição dos veículos chineses.
A estreia da Geely está marcada para julho junto do lançamento do EX5, apresentado com motor elétrico de 218 cv de potência e 32,6 kgfm de torque. No entanto, a etapa de produção ainda está em fase de aprovação, segundo o antigo CEO da Renault para a América Latina, Luiz Pedrucci. Até lá, o SUV elétrico será importado da China e vai entrar no Brasil pelo Porto de Paranaguá, também no Paraná.
Segundo revelou Andy Zhang, presidente da GWM para Brasil e México, a fabricante chinesa deverá inaugurar a sua planta em Iracemápolis (SP) no terceiro trimestre deste ano.
“Nesse momento, estamos instalando máquinas, numa fase final de montagem da fábrica. O processo deverá levar dois meses, no máximo”, salientou o executivo em conversa com a reportagem de Autoesporte em abril.
Atualmente, a GWM tem 300 funcionários brasileiros contratados para a sua fábrica. A expectativa é de que o número, com a fábrica já funcionando a todo o vapor, chegue a 800 no fim do ano. Estes trabalhadores ajudarão a produzir, num primeiro momento, unidades do Haval H6. Posteriormente, a GWM começará a fazer em Iracemápolis a picape Poer P30. Os dois modelos, vale frisar, deverão receber no futuro sistema híbrido flex.
Em março, Autoesporte trouxe a informação de que a Stellantis estudava a produção dos carros da Leapmotor no Brasil. À época, duas fábricas estavam no páreo para receber a linha de montagem dos modelos elétricos chineses: Porto Real (RJ) e Goiana (PE).
Segundo informações publicadas em abril pelo colunista Lauro Jardim, de O Globo, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), já fechou acordo com os chineses para produção no estado — justamente na unidade da Stellantis na região das Agulhas Negras. A intenção da Leapmotor, conforme apuramos, é transformar o Brasil em um hub para atender toda a América Latina.
Por fim, a Omoda Jaecoo, que pertence ao grupo Chery, é mais uma que pretende produzir no Brasil. A marca, inclusive, confirma que montará carros no país a partir de 2025, também em regime CKD.
O local ainda não foi oficializado, mas há a possibilidade das chinesas arrendarem a planta da Caoa Chery em Jacareí (SP), fechada há quase três anos desde o fim da produção do Tiggo 3X. Autoesporte apurou que o investimento será de US$ 300 milhões para a fábrica, mais de R$ 1,5 bilhão na conversão direta.
Outra opção pode ser utilizar a unidade fabril desativada da Troller, em Horizonte (CE). E a terceira aposta é que a Omoda Jaecoo use a fábrica de Anápolis (GO) após o fim da parceria entre Hyundai e Caoa.
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Fonte: direitonews