Da Redação
A Bronca Popular
A história parece se repetir — e da pior forma possível. O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) volta a ser manchete nacional com um escândalo envolvendo a bilionária conta única, usada para centralizar os depósitos judiciais.
A mesma conta que, em 1999, foi pivô do assassinato brutal do juiz Leopoldino Marques do Amaral, agora ressurge como o cofre saqueado por uma quadrilha composta por empresários, advogados e servidores públicos. O rombo: mais de R$ 21 milhões.
Na época, a morte de Leopoldino no Paraguai escancarou desvios milionários na Vara de Família, onde o magistrado atuava.
Segundo a imprensa daquele período, o juiz desviava recursos públicos para bancar luxos e uma vida de ostentação.
Hoje, 26 anos depois, um novo grupo criminoso volta a atacar os cofres do Judiciário, usando estratégias simples, porém altamente eficazes, para drenar recursos das contas judiciais.
A operação deflagrada nesta quarta-feira (30), batizada de Sepulcro Caiado — expressão que denuncia aparências justas encobrindo podridão —, revelou uma engenharia de fraudes estruturada e persistente entre 2018 e 2022.
O esquema incluía processos fantasmas, falsos depósitos, alvarás forjados e lavagem de dinheiro por meio de empresas de fachada.
O Judiciário foi usado como trampolim para um roubo silencioso, onde até pessoas interditadas judicialmente foram transformadas em “autores” de dívidas quitadas com dinheiro que jamais existiu.
Apesar de o TJMT ter colaborado nas investigações, a reincidência desse tipo de crime dentro da estrutura do Poder Judiciário levanta dúvidas incômodas: como um sistema tão vulnerável seguiu operando por anos? Por que só agora os alarmes internos foram acionados?
A Justiça mato-grossense precisa dar respostas claras e profundas.
A sociedade exige mais do que operações policiais: quer garantias de que esses crimes não se tornem mais um capítulo cíclico de corrupção sistêmica. Afinal, a conta única é pública — e a cada desvio, quem paga é o contribuinte.
A pergunta que ecoa é inevitável: será mesmo que apenas advogados e servidores estavam se banqueteando nesse esquema? Ou há mãos mais poderosas escondidas por trás do véu da toga? Cabe à Polícia responder. E à Justiça, reagir com firmeza.
Fonte: abroncapopular