Vítor Pereira não é mais técnico do Flamengo. A demissão do português foi oficializada nesta terça-feira (11), menos de cinco meses depois de assumir o comando do rubro-negro, ao perder a final do Campeonato Carioca para o Fluminense. Trajetórias breves também são comuns na indústria automotiva brasileira.
Relembrando acontecimentos emblemáticos do mercado nacional, Autoesporte listou casos de carros que ficaram em linha no Brasil por pouco tempo, assim como o (agora) ex-técnico do Flamengo.
A lista traz desde hatches compactos, passando por SUVs e contempla até uma fabricante que atuou por pouquíssimo tempo no país até encerrar as atividades. Confira:
Lojistas confirmam que o Renault Captur teve sua produção interrompida em São José dos Pinhais (PR). Autoesporte apurou em fevereiro que o SUV não está mais sendo reposto nos estoques. A Renault nega a informação.
O facelift do Captur foi lançado em julho de 2021, com a novidade do motor 1.3 turbo que desenvolve 163 cv de potência. Sendo assim, o SUV reestilizado deixa de ser produzido antes de completar um ano e meio no mercado. É tempo suficiente para superar a permanência média dos técnicos em times brasileiros, mas um período curto para um carro.
Assim como a Renault, a Caoa Chery também nega que o Tiggo 5X Pro a combustão tenha saído de linha. Lojistas ouvidos pela Autoesporte afirmam que restam apenas unidades em estoque da opção “convencional” e que não há previsão de chegada de novos lotes. A versão híbrida, por outro lado, ainda é vendida.
Os dois modelos utilizam motor 1.5 turboflex e câmbio automático do tipo CVT. Porém, a versão híbrida traz ainda um sistema de 48 volts que adiciona 10 cv e 4,1 kgfm, passando de 150 cv e 21,4 kgfm para 160 cv e 25,5 kgfm. Lançado no Brasil em fevereiro de 2022, o Tiggo 5X Pro ficou apenas um ano nas lojas.
Se passaram onze meses e alguns dias entre o lançamento do Tiggo 3x e o anúncio de que o modelo teve a produção em Jacareí (SP) encerrada. Nesse período, o crossover vendeu pouco mais de sete mil exemplares. Ele era o Caoa Chery mais vendido do país no acumulado de 2022.
Além do dinheiro investido para modernizar o Tiggo 2, no qual era baseado, o Tiggo 3x era equipado com motor 1.0 turboflex inédito na marca. A decisão de tirar o modelo de linha tem a ver com a modernização da fábrica do interior de São Paulo, que ficará fechada por dois anos para a instalação da linha de montagem de veículos híbridos e elétricos.
O Sonic foi a alternativa encontrada pela Chevrolet em 2012 para preencher a lacuna entre os compactos Onix e Prisma e a família Cruze, de tamanho médio. Importados do México, hatch e sedã tinham bom pacote de equipamentos, mas eram caros e tinham manutenção complexa. Eram os únicos na linha Chevrolet a usar o motor 1.6 16V.
Para piorar, na época o Sonic ainda “brigava” com o Tracker pelas restritas cotas de importação do México para o Brasil. Sabemos quem foi o vencedor na disputa interna. Assim, durou pouco menos de dois anos por aqui, saindo de linha em 2014 com menos de 100 mil exemplares vendidos.
A Geely chegou ao Brasil em 2014 pelas mãos do Grupo Gandini, responsável pelas operações da Kia no país. No início, eram dois modelos: o subcompacto GC2, lançado por menos de R$ 30 mil e equipado com motor 1.0, e o sedã médio EC7, com motor 1.8 e preço abaixo de R$ 50 mil. Promissor.
Até que o dólar começou a subir e o governo passou a taxar as fabricantes que vendessem acima de uma determinada quantidade de carros sem conteúdo nacional ou produzido no Mercosul. Os Geely, montados no Uruguai com peças chinesas, ficariam muito mais caros.
Dessa forma, os importadores resolveram encerrar a operação em 2016 com cerca de 1.000 exemplares de GC2 e EC7 vendidos.
Mais breve que o Tiggo 3x, só o Honda Accord híbrido. Primeiro carro eletrificado da fabricante no país, o sedã chegou em agosto de 2021 com consumo homologado na casa dos 17 km/l.
Só que o pequeno lote importado acabou e a Honda decidiu não trazer novas unidades. Autoesporte apurou que o Accord não atendia as normas de emissões e ruídos em vigor no Brasil desde o início do ano. Na época, a marca disse que “em função do cenário atual, dependem da disponibilidade de produção para a importação de novos lotes”.
As promessas de venda do Kia Rio no Brasil duraram mais tempo que a venda do hatch compacto no país. Lançado em janeiro de 2020, ele deixou o mercado em novembro de 2021. Nesse curto período, foram exatas 539 unidades emplacadas.
Na época do lançamento, o presidente da Kia do Brasil, José Luiz Gandini, afirmou à Autoesporte que tinha confiança de que o câmbio ficaria estável. Não foi isso que aconteceu. Nem mesmo a produção no México, que isenta o veículo dos 35% do imposto de importação, fizeram com que o hatch fosse viável.
O X80 foi lançado em 2018 prometendo conforto “sete estrelas”. Mas a realidade se mostrou dura com a Lifan. Apesar de ser um SUV grande com preço de modelo médio, o X80 não fez o sucesso esperado.
Com a chegada da pandemia, em 2020, a Lifan passou a reduzir a operação no Brasil. Atualmente, o site e as redes sociais da marca estão desatualizados e não há registros de emplacamentos há mais de um ano. Além disso, quase todas as (poucas) concessionárias ainda listadas no site da empresa já fecharam ou viraram lojas de carros multimarcas.
Ninguém pode dizer que a SSanYong não tentou prosperar no Brasil. Afinal, foram três tentativas de emplacar os modelos sul-coreanos no mercado brasileiro. Todas falharam.
Na última investida, o principal produto era o SUV compacto Tivoli. Dono de um desenho atrativo, mas pecando pela falta de itens de segurança e desempenho, não fez sucesso. Em julho de 2019, a Autoesporte revelou que a SsangYong não importava carros havia três meses, mas que tinha planos de retomar as vendas.
Isso não aconteceu e a própria matriz passou a apresentar dificuldades. Hoje, enfrenta processo de falência e busca novos donos.
O Apollo foi o primeiro “filho” da Autolatina, casamento entre Volkswagen e Ford. Lançado em 1990, ele era nada mais que uma versão com logotipo VW do Ford Verona. As mudanças eram sutis, com um pequeno spoiler embutido na tampa do porta-malas e lanternas escurecidas.
Ao olhar do público, nem o exclusivo motor 1.8 AP, ou mesmo os itens de série que eram opcionais no Verona, justificavam investir os 20% extras na comparação com o similar da Ford. No fim das contas, o Apollo saiu de linha dois anos depois, com cerca de 50 mil exemplares vendidos.
Para não repetir o fiasco do Apollo, a Volkswagen resolveu aumentar as diferenças quando criou o Pointer, cuja base era o Ford Escort. Lançado em 1994, tinha design próprio e oferecia carroceria com quatro portas.
O estilo agradou ao público, bem como os motores 1.8 e 2.0 já com injeção eletrônica. O problema é que o casamento entre Volkswagen e Ford acabou em 1996. Assim, o Pointer saiu de linha cerca de dois anos depois de ter sido lançado.
Desenvolvida em parceria com a aliança Renault-Nissan, a Classe X chegou a ser fotografada em testes em São Bernardo do Campo, cidade onde está a fábrica de caminhões da Mercedes-Benz. A primeira picape da marca alemã havia sido confirmada para o mercado brasileiro, mas os planos foram abortados.
Isso porque a aliança com Renault e Nissan desandou após vários problemas no processo de adaptação da fábrica de Córdoba, que produziria a picape. Além disso, as baixas vendas fizeram com que a Mercedes desistisse do projeto e encerrasse as vendas em 2020, três anos depois do lançamento.
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Fonte: direitonews